O desejo de se fazer sexo tem várias formas de expressão. Existem pessoas com todas as tendências e necessidades que vão desde a diminuição ou abolição dos desejos sexuais até aqueles que somente se satisfazem quando praticam sexo em excesso. A expressão da sexualidade tem características próprias e cada um descobre uma maneira adequada de satisfazer-se. Existem também pessoas que fazem sexo com finalidades outras que não apenas sexuais, mas com requintes de neuroses.
Todos já ouvimos dizer sobre mulheres ninfomaníacas (para lembrar das ninfas dos bosques greco-romanos que estariam sempre disponíveis ao sexo) ou messalínicas (para lembrar da imperatriz romana de quem se dizia que saia às noites disfarçada para orgias nas tavernas, além de manter escravos em casas para satisfazer suas necessidades sexuais…). Estes termos são usados na prática diária para descrever aquelas pessoas que são insaciáveis sexualmente.
Para os homens, o termo comumente usado é o de “tarado”. A expressão “tara” se remete à tradução de uma aberração ou distorção do desejo, que se manifesta em direção ao sexo e não ao afeto. Antigamente se usava a figura nos sátiros greco-romanos do célebre “Priapo”, uma criatura com chifres e que corriam atrás das ninfas dos bosques retratando a figura do deflorador insaciável. Daí advém o termo priapismo, que é um termo médico que designa uma ereção duradoura, sem que perca a ereção depois do orgasmo, fato este indicador de doenças da esfera sexual.
Recentemente, a figura de Don Juan o conquistador ferrenho, é identificada aos homens com comportamentos sexuais compulsivos ou dominadores. Mas estas diferenças entre as pessoas traz consigo muitas revelações do caráter e da personalidade dos indivíduos com comportamentos sexuais aberrantes. Estas pessoas classificadas como tarados ou ninfomaníacas são impelidas à prática sexual compulsiva devido à distúrbios psicoafetivos. Algumas características de personalidades capazes de se enquadrarem neste perfil são marcadas com traços fortes do desenvolvimento emocional. Geralmente são pessoas que têm pensamentos obsessivos – idéias, imagens ou impulsos que entram na mente do indivíduo repetidamente de uma forma incontrolável, são angustiantes (violentos, repugnantes ou obscenos), sem sentido e a pessoa não consegue resistir a eles. Estas manifestações podem ocorrer em conjunto com ansiedade e depressão.
Estas características psicológicas é que definem a patologia sexual denominada de comportamento sexual compulsivo. Estamos falando de um diagnóstico psicológico. Uma pessoa que se enquadre e se reconheça como compulsiva necessita de ajuda psicológica profissional. Na realidade, o paciente que sofre de algum distúrbio sexual sofre muito. Torna-se às vezes solitário, introspectivo e violento. Mas apesar disto, renegam e quase nunca procuram tratamento especializado.
Estatisticamente o número de pessoas compulsivas sexuais é maior na faixa de 40 anos para cima do que nas de idades inferiores. Isto se deve ao desenvolvimento dos processos de pensamento que conduzem ao comportamento compulsivo. Os comprometimentos dos processos de pensamento são iniciados na infância com produção de emoções e afetos. Portanto o ambiente familiar repressivo e sem afeto poderá ser facilitador.
Algumas destas pessoas que não reconhecem sua condição compulsiva, podem estar caminhando em direção à outras questões sexuais aberrantes, como por exemplo: As parafilias (desvios sexuais). Uma condição pode ser a pedofilia (atração por crianças), que tem sido tratada em nosso país como iniciador da prostituição infantil. O importante é analisar o problema como sendo uma alteração que necessita tratamento. O pedófilo é um doente, e não apenas um “sem vergonha” da vida, como muitos acham. Reconhecer esta condição é básica para que o tratamento seja instituído precocemente e daí evitar situações mais definidas no futuro..
Até a próxima.