Nesta sexta feira (12/06/2009) fui pra São Paulo para fazer uma palestra sobre os efeitos curativos e benéficos dos produtos apícolas (originários das abelhas), via Airbus (credo!) igualzinho aquele da Air France, que caiu no mar e ninguém até agora sabe quase nada do acidente. Quem falar que não dá um “temor” tá mentindo…
O voo que estava previsto para chegar no aeroporto de Congonhas às 10:30 horas acabou chegando às 03:00 horas da manhã, devido ao mau tempo que reteve o avião em Confins por mais de quatro horas. Bem, cheguei ao hotel, cansado e a fim de dormir quando na entrada da recepção do hotel que freqüento há mais de 20 anos havia uma placa: ?Não temos vagas?. Achei estranho um hotel que sempre esteve disponível não ter vagas.
Eram quatro da manhã e eu com mala, laptop e uma caixa com duas garrafas da cachaça do Zé Cançado, pra um amigo que encomendou a “água que passarinho não bebe”, da qual ele gostou muito quando esteve em Caeté. Vendo a impossibilidade de ficar ali, rapidamente, me dirigi ao hotel mais próximo, que era a melhor escolha naquele momento. Depois de dez minutos andando a pé, sem parar e com receio de ser assaltado, encontrei na porta do hotel uma grande placa com os dizeres: “Não temos apartamentos vagos”. Ora, nunca me encontrei numa situação assim em Sampa.
Fui até a recepção expliquei o motivo da minha estadia em Sampa e pedi ao gerente que permitisse que eu ficasse no saguão do hotel até o dia clarear, para que pudesse achar algum lugar para eu ficar. O Gerente permitiu que eu recostasse em um sofá e ficasse até as 7:00 horas, quando deveria ir embora. Indignado, perguntei ao Gerente o que estava acontecendo em São Paulo, pra tanta dificuldade em hospedagem, e ele me respondeu: ?Meu amigo, esta época é a época onde se ganha mais dinheiro aqui. Amanhã é dia da PARADA DO ORGULHO GAY, o evento mais importante da cidade nos últimos tempos. Vão artistas, políticos e gente de todo tipo. O senhor vai ter dificuldade em encontrar hotel, e não só hotel mas, restaurante, táxi, lanchonete e até os shoppings estarão congestionados. É muito dinheiro que este evento traz pra cá.
Aí eu me lembrei da cidade de Juiz de Fora que faz uma vez por ano, um desfile para escolha do Miss Gay do Brasil, e que isso trouxe pra Juiz de Fora uma notoriedade e também turismo e muito dinheiro. Isso me fez pensar sobre o movimento que mexe com a estrutura da megalópole paulista e observar que mais que um ponto de exclamação, ele representa um ato de respeito ao direito de escolha do ser humano. Principalmente por aqueles que se dizem defensores da cidadania e a ética social.
Este movimento vem bater de frente com a mentalidade arcaica e decadente de uma parte da sociedade que se julga muito avançada, mas ainda guarda preconceitos e medos de acreditar no que está à sua frente. O movimento deveria ser ampliado e realizado não só em São Paulo, mas em todo o País, levando legitimidade ao conceito de homossexualismo como sendo uma escolha que o indivíduo tem direito de exercer.
Eu acredito que o homossexual, nasce homossexual. Não acho que venha a mudar sua original condição hormonal de homem ou mulher. Acho que os gays são originais e assim sendo tem os gostos e predileções de sua essência. Um bom começo para acabar com o escárnio, seria encerrar com a chacota vista nas TVs, e outros meios, relacionando o Gay à uma condição atípica e engraçada. O respeito que os Gays tem o direito de ter, deve começar a ser compreendido e aceito a condição de “pessoas normais”. Ora, porque não param com a homofobia? Por que a sociedade é cheia de orgulho e ultrapassada.
Quando alguém tem um Gay na família, aí sim, sentem na pele o preconceito que sempre tiveram. Portanto acho que Caeté poderia dar o exemplo de cidadania, quebrando os muros do preconceito e promovendo uma grande festa do Orgulho Gay, e convidar artistas e pessoas para abrilhantar a festa. Você sabia que uma grande parte dos artistas da novela das oito, cantores e outras pessoas que vocês adoram, são Gays? O muro de Berlim não existe mais, custaram a perceber o mal que a divisão social fazia, mas o muro invisível da mediocridade persiste ….até quando? Até a próxima.