O ovo de chocolate e sua saúde

A história dos ovos de chocolate ou ovos de Páscoa vem de uma tradição milenar relacionada ao cristianismo. Costumava-se pintar um ovo oco de galinha de cores bem alegres, pois a Páscoa é uma data festiva que comemora a ressurreição de Jesus Cristo, sendo o ovo um símbolo de nascimento. Outros povos como os gregos e os egípcios também coloriam ovos de galinha oco, porém em datas diferentes. Este mesmo ovo é um símbolo bastante antigo, anterior ao Cristianismo, que representa a fertilidade e a renascimento da vida. Muitos séculos antes do nascimento de Cristo, a troca de ovos no Equinócio da Primavera era um costume que celebrava o fim do Inverno e o início de uma estação marcada pelo florescimento da natureza. Para obterem uma boa colheita, os agricultores enterravam ovos nas terras de cultivo.
Quando a Páscoa cristã começou a ser celebrada, a cultura pagã de festejo da Primavera foi integrada na Semana Santa. Os cristãos passaram a ver no ovo um símbolo da ressurreição de Cristo. Nesse período, muitos desses povos realizavam rituais de adoração para Ostera, a deusa da Primavera. Em suas representações mais comuns, observamos esta deusa pagã representada na figura de uma mulher que observava um coelho saltitante enquanto segurava um ovo nas mãos. Nesta imagem há a conjunção de três símbolos (a mulher, o ovo e o coelho) que reforçavam o ideal de fertilidade comemorado entre os pagãos. Por isso a páscoa vem sempre simbolizada pelo simpático coelhinho, carregando ovos de chocolates, fazendo a alegria de crianças e adultos. Bem, que o chocolate é delicioso não precisamos falar, mas que também vicia e traz consequências é coisa todos precisam saber.
Aliado a sensações de prazer e bem estar, rico em carboidratos (cuidado com a glicose!) e excelente fonte de energia, o chocolate tem também o perfil de herói: Beneficia a saúde do coração pois contém o flavonóide, uma substância presente na semente do cacau que age como protetor cardiovascular. Quando absorvida, a substância funciona como um filtro sanguíneo que ajuda na redução da formação de placas de gordura e transforma o colesterol ruim em substâncias benéficas para o bom funcionamento do coração. Além do mais, o chocolate ajuda a reduzir os riscos de ataque cardíaco e diminuiu a tendência de coagulação das plaquetas e de obstrução dos vasos capilares. Embora sejam comprovados os benefícios do chocolate para as doenças cardiovasculares, é importante ressaltar que o consumo deve ser em pequenas quantidades, uma vez que o chocolate também contém gordura saturada, açúcar e cacau que, em excesso, podem trazer efeitos nocivos à saúde.
Desta forma o ovo de páscoa vem através dos tempos como uma simbologia que se mantém até os dias atuais e que movimenta e sustenta o comércio, sendo estes elaborados com o delicioso sabor amargo-adocicado do chocolate. Após a comilança, geralmente surgem sempre as mesmas reclamações: quilinhos a mais e aparecimento de espinhas, tudo consequência dos muitos ovos de chocolate ingeridos no feriado.
O aumento de peso ocorre como resultado dos doces ingeridos, e também a acne advém do excesso de calorias que o chocolate contém que irriga demasiadamente a superfície cutânea e através do tropismo ascendente, atinge a face. Na medicina oriental tudo que é calorífero tende a ter um comportamento do elemento fogo. O fogo tem suas chamas sempre em direção ascendente, e desta forma os alimentos muito caloríferos se manifestam na parte alta do corpo. Dentro da ótica ocidental há um efeito da alimentação na pele, mas que ele é indireto. O que acontece é que alguns alimentos ricos em carboidratos de rápida absorção – entre ele, o leite, o chocolate e outros doces – estimulam os receptores hormonais da pele e resultam no mau funcionamento da glândula sebácea. Essa glândula produz o sebo, que, quando acumulado dentro do poro, resulta na proliferação da bactéria causadora das espinhas.
Os alimentos muito “quentes” como o chocolate, o café e as sementes oleaginosas (castanhas) alteram significativamente a energia do corpo, fazendo o indivíduo sentir mais calor e eliminar excreções e suores. Desta maneira o chocolate aparece nas prateleiras coloridas e atraentes com uma mitologia acoplada que faz quase todos o saborearem nesta época. O importante é não deixar que a gula traspasse os limites e que o degustar se torne um prazer controlável. Na natureza o respeito às suas leis fazem como que vivamos em equilíbrio e harmonia. Desta forma, devemos nos conscientizar dos excessos que viram deficiências e na maioria dos casos transforma o prazer se transformam em dor. Até a próxima.

Dr Carlos Eduardo Guimarães

Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), desde 1997.