O Brasil continua o mesmo. Após a entrada do presidente Lula no Planalto Central, esperávamos uma mudança filosófica, ou seja, o resgate dos valores genuínos. Quando Gilberto Gil assumiu a pasta da Cultura, a expectativa de uma mudança em direção aos valores da nossa cultura era uma aposta, já que Gil é do interior da Bahia, estado de uma etnia traduzida em cultuações típicas.
Depois uma caminhada de três anos de tentativas, já sabemos das pernas tortas e do gingado dos nossos políticos. O que esperávamos foi abortado. A cultura brasileira continua à mercê do entreguismo. Soterrados por modismos importados, o besteirol continua invadindo as telas das emissoras televisivas e as ondas sonoras radiofônicas, aos gritos e berros de quem não tem nada para falar. O descartável ocupa o lugar daqueles que têm que sair do Brasil, para conquistar “lá fora”, o reconhecimento do seu estudo e genialidade, como acontece com Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Toninho Horta, Arthur Moreira Lima, Assis Brasil.
E assim os cães ladram e a caravana passa… Será que ninguém do governo percebe que os movimentos das classes de baixo poder econômico são quase todos cópias dos movimentos reivindicadores americanos, que guardam a mágoa de uma descriminação do racismo cruel? Tudo trazido pela TV. O Hip Hop, o Funk dentre outras formas de expressar o repúdio ao massacre capitalista, são ingenuamente copiados pela nossa juventude, desamparada pelo descaso e desconhecimento do país em que Jorge Amado nasceu.
O ministro Gilberto Gil, tenta de tudo. Há poucos dias levou à França grupos folclóricos brasileiros (dentre eles, o da cidade de Oliveira-MG) para deixar os franceses boquiabertos e extasiados de tanta emoção. Mas… tem esquecido de evidenciar a língua pátria que hoje tem sotaque estrangeiro.
Mesmo com um esforço inócuo e tímido, não observamos nada de construtivo na casa de cultura do presidente Lula, ou pelo menos, não chegou até Minas Gerais. A cultura brasileira se rendeu ao espaço produzido por uma mídia que, na maioria das vezes age sem responsabilidade, exibindo gestos medíocres de quem não entende nada de redenção social. A caricatura é de tal monta, que até os trajes (da moçada) são cópias do figurino dos guetos americanos.
Desta maneira temos que engolir a malfazeja música brasileira, decantada por “figuras” tipo Tati Quebra Barraco entre muitos que disseminam apenas o fútil e o calhorda apelo à malandragem. Será que existe alguém de bom senso para colocar um pouco de ética e princípios morais na parafernália cultural? Será que o Brasil vai ter que passar mais “quanto tempo” para poder mudar a sua cara? Até quando existirão indígenas e caboclos sertanistas sem saber “que país é este”?
Não sabemos, só sabemos que a cultura brasileira se encontra indigente e o povão se alimentando da hipocrisia dos políticos analfabetos.