Dr. Carlos Eduardo Guimarães

Vinhos são heróis ou vilões?

Dr. Carlos Eduardo Guimarães*

O fim de ano é emblemático. Ceias acompanhadas de um bom vinho celebra esta época chuvosa marcada pela confraternização de natal, e de mais um final de ano que se aproxima. O vinho além de ser uma bebida citada na bíblia, é mencionada em toda a mitologia e história antiga como sendo o néctar do deus bachus. Por isso, se mantém a tradição ritualística familiar. Mas, a apologia ao vinho como um “alimento” tem algum sentido?
Foi na década de 90 que os benefícios do vinho começam a ser descoberto. Isso porque observaram que os franceses apresentavam um menor risco de morte do que os norte-americanos, e apesar dos franceses ingerirem uma grande quantidade de gordura saturada o nível de colesterol desse povo era relativamente baixo. O uso diário de uma taça de vinho (70 ml) de médio teor alcoólico tem sido demonstrado capaz de evitar a formação de trombos (coágulos), tendo a capacidade de aumentar discretamente a diurese e ainda apresentando leve efeito ansiolítico (calmante).
Estudos realizados em 98 e 99 apontam que o vinho reduz 20% os riscos globais de câncer, a ação dos polifenóis desativa a proteína que tem a responsabilidade da iniciação do câncer. Também pode ser considerado agente de beleza, pois ele inibe a ação dos Radicais Livres que agem no nosso corpo, os efeitos dos antioxidantes são superiores aos da vitamina C e E. Bom, até aqui tudo bem.. mas e o teor alcoólico? Esta receita deve ser usada apenas por pessoas que possuem bom funcionamento do fígado e que não sejam alcoolistas (doença da personalidade a qual a pessoa perde o controle sobre a ingestão de álcool, e passa ao uso compulsivo).
Vale lembrar que a apreciação do vinho deve ser feita dentro das doses indicadas, pois se a pessoa exceder nas doses diárias, irá acontecer uma ação direta sobre o fígado, as enzimas hepáticas aumentam sensivelmente, aumenta a incidência de mortes violentas e também o problema a possibilidade do problema do alcoolismo. Para quem pode, existem várias marcas de vinho, sendo os mais amargos melhores que os suaves. O sabor amargo é colecistocinético (faz a vesícula biliar funcionar) e aliado à pequena quantidade de pectina que a uva possui, promove a reunião das vesículas de colesterol, eliminando-as através do intestino. Existem frutas, como a maçã, que têm quantidade maior de pectina, apresentando melhor efeito que o vinho, sendo o vinagre de maçã (artesanal) excelente nesses casos. É preciso ficar atento com as “fórmulas mágicas” que aprendemos por aí.
Segundo o Dr. Hahnemann, o pai da homeopatia, não existem venenos e sim, doses venenosas. Para aquelas pessoas que não podem usar bebidas alcoólicas, recomendo evitar a hipercolesterolemia (colesterol alto) fazendo exercícios físicos regularmente, reduzindo os doces, carnes vermelhas (grande risco após os 40 anos), alimentos produzidos com a gordura animal (ex.: manteiga) e, principalmente o stress que é o maior causador de doenças. Aconselho também, além da maçã, a beringela, que pode ser tomada em cápsulas (encontrada em farmácias naturais) ou deixando-a em fatias, em uma vasilha com água (maceração) e beber durante o dia.
Se a pessoa for obesa, torna-se necessário uma dieta com poucas calorias (lembrete: fritura quase sempre tem mais caloria que doce) e aliado aos exercícios físicos, ajudam a aumentar o metabolismo. Não podemos esquecer das fibras (vegetais, bagaço de laranja, ameixa, grãos integrais etc.) que carregam o colesterol para o intestino, não permitindo que o mesmo seja reabsorvido.
Saúde significa corpo e mente harmonizados. Preocupar somente com o corpo não significa modelá-lo e sim, manter um nível adequado de gorduras, glicose, ácido úrico, minerais etc. Desta forma o envelhecimento se dá sem problemas. Mantendo as gorduras no nível adequado, estaremos evitando a formação de placas de gorduras nas artérias, obesidade e ativando o colágeno, substância que deixa o corpo “firme” e jovial.
TIM TIM e boa degustação!!! Até a Próxima!

*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.