Daniele Vilela Cardoso Leite

A criança hiperativa e desatenta

Daniele Vilela Cardoso Leite*

A hiperatividade e a desatenção fazem parte de um transtorno denominado TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade) e geralmente é um problema de saúde mental que tem três características básicas: a desatenção, a agitação (ou hiperatividade) e a impulsividade.
Quem tem hiperatividade não precisa necessariamente ter desatenção e impulsividade. Há crianças com predomínio de sintomas de desatenção, outras de hiperatividade/impulsividade, outras que têm esses fatores combinados. Os sintomas que fazem parte por exemplo do grupo de desatenção são: – não prestar atenção a detalhes ou cometer erros por descuido; – ter dificuldade para concentrar-se em tarefas e/ou jogos; – não prestar atenção ao que lhe é dito (“estar no mundo da lua”); – ter dificuldade em seguir regras e instruções e/ou não terminar o que começa; – ser desorganizado com as tarefas e materiais; – evitar atividades que exijam um esforço mental continuado; – perder coisas importantes; – distrair-se facilmente com coisas que não têm nada a ver com o que está fazendo; esquecer compromissos e tarefas.
Para levantar-se a hipótese de haver este transtorno é necessário que existam vários sintomas e que eles sejam frequentes, pois no caso da desatenção, qualquer pessoa vez ou outra, pode ficar “no mundo da lua”.
Nos perguntamos o porque do problema de TDAH e os achados científicos têm indicado claramente a presença de disfunção em uma área do cérebro conhecida como região orbital frontal. Essa região é situada na parte da frente do cérebro, logo atrás da testa. É uma das regiões mais desenvolvidas em seres humanos comparativamente com outras espécies e parece ser a responsável pela inibição do comportamento, pela atenção sustentada, pelo autocontrole e pelo planejamento para o futuro. O que leva a este funcionamento alterado das áreas cerebrais nessas pessoas são fatores como a hereditariedade, problemas na gravidez ou no parto, exposição a determinadas substâncias (altos níveis de chumbo), problemas familiares.
O diagnóstico é algo complexo e infelizmente nos dias de hoje, algo ainda muito precário. É comum presenciarmos crianças crescerem estigmatizadas como levadas, rebeldes, indisciplinadas, desorganizadas, sendo que na verdade elas têm um problema de saúde que vai muito além da capacidades de seu controle. É muito perigoso também quando acontece o contrário. A criança é apenas agitada, não hiperativa. Ou às vezes um pouco dispersa, mas é rotulada por pais, ou pessoas que convivem com ela e acabam por tirar conclusões precipitadas e erradas a esse respeito. Tal diagnóstico só pode ser feito por profissionais de confiança da área de saúde mental e de preferência por uma equipe de pessoas habilitadas para isso.
Há muitas maneiras de ajudar uma criança com TDHA. Esclarecimento aos familiares, professores e à criança sobre TDAH, intervenção psicoterápica, intervenção psicopedagógica, medicação adequada são algumas dessas maneiras. Muitas crianças são mal compreendidas e carregam as consequências disto pelo resto da vida. Por isso é tão sério e importante que pais e educadores estejam atentos , tanto para perceber que algo não está bem quanto para procurar a ajuda adequada com profissionais de confiança.
Este artigo foi baseado em informações técnicas retiradas do livro “Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade- O que é? Como ajudar?”

*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.

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