A Inveja

Há os que querem se livrar deste sentimento negativo que é a inveja e, por mais que se esforcem, não conseguem.
Observe o que Antônio Roberto Soares, consultor do comportamento humano, disse à Revista de Economia do jornal Estado de Minas a este respeito:
“A inveja é a vivência de um sentimento interior sob a forma de frustração, de tristeza, de mal-estar, de acanhamento, por nos sentirmos menores do que o outro, por não possuirmos o que o outro possui, por não sermos o que o outro é. É o desequilíbrio íntimo, oriundo de um sentimento de inferioridade, fruto da COMPARAÇÃO que fizemos entre nós e o outro em algum aspecto específico: ou nas posses materiais, na casa, no carro, na roupa, no dinheiro ou nas suas qualidades psicológicas, morais, físicas, sociais ou espirituais. E como a inveja é um desequilíbrio entre nós e os outros num processo comparativo, desde cedo nos foram ensinados alguns mecanismos de defesa para este desequilíbrio. Um dos mecanismos mais comuns é aquele em que, ao nos sentirmos menores que os outros, nós nos aumentamos, vangloriamos, falamos excessivamente bem das nossas próprias coisas e, ao mesmo tempo, procuramos diminuir o outro através de crítica. A inveja é a incapacidade de ver a luz das outras pessoas, a alegria, o brilho, a luminosidade de alguém, seja em que aspecto for. A inveja é o sentimento daqueles que não encontraram respostas para a diversidade do mundo e das pessoas. E esta incapacidade de aceitar que as coisas e as pessoas sejam diferentes é uma rejeição da sua própria pessoa como sendo diferente das demais. A inveja é a auto-aversão por não sermos como os outros são. Muitas pessoas pensam que inveja é quando vemos algo em alguém e queremos Ter ou ser iguais ao outro. Mas isso é apenas um desejo de crescimento. O que caracteriza a inveja é uma frustração conosco mesmos. É a intolerância com nós próprios por nos sentirmos menores que o outro. Por outro lado, toda a nossa sociedade é baseada na comparação, toda a nossa cultura é uma cultura da comparação. Toda propaganda em nossa cultura é baseada no processo comparativo, entre nós e os modelos que nos são apresentados. A trama base de qualquer propaganda consiste em que olhemos alguém no vídeo, por exemplo, com todas as qualidades de riqueza, poder, prestígio, inteligência, dinamismo, beleza, força e magnetismo pessoal, que nos comparemos com os ambientes e pessoas apresentadas e nos sintamos inferiores, magoados e diminuídos e, em seguida, é-nos apresentada a solução para resolver aquele mal-estar: a compra de alguns produtos que nos farão iguais aos padrões apresentados!
“E como trabalhar o sentimento da inveja? Se a inveja é fruto da comparação, é neste ponto que devemos centrar nossa atenção. Um exercício prático é o exercício da autocomparação, a comparação conosco mesmos. Estamos hoje piores ou melhores do que ontem? Passamos a nos dirigir de dentro, em função do que realmente somos e não em função do que os outros esperam de nós. Passamos a ser nosso único ponto fundamental de referência, passamos a ser donos da nossa própria vida. Não estamos no mundo para sermos mais do que alguém , mas apenas para realizar o nosso próprio potencial, para sermos cada vez mais, cada vez melhores, comparados conosco mesmos.”

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