Daniele Vilela Cardoso Leite*
Segundo o Livro “A Timidez não é um Problema” – Jackson, J. S. e Alley, R. W., “cada indivíduo possui características próprias e singulares. Para alguns desenhar é fácil, para outros, difícil. Para alguns dançar é algo aprendido com facilidade. Para outros, bastante desafiador. Enfim… o que é fácil para alguns é difícil para outros. Conversar, dialogar, comunicar, para alguns é tarefa fácil. Para outros algo desagradável… Existem crianças que não gostam de falar. São fechadas. Outras têm medo de dizer algo errado e sentem muita vergonha. São tímidas. Algumas ficam nervosas, outras vermelhas, outras apresentam sintomas como dor de cabeça, dor de barriga, etc. Em grande parte dos casos crianças tímidas são filhas de indivíduos também tímidos”.
Pais que geralmente com as demandas do crescimento evoluem e conseguem lidar melhor com tal característica. A maturidade realmente suscita evolução. Há muito o que ser feito para ajudar uma criança a superar os desafios da comunicação. Esperar que ela mude totalmente não é coerente, mas ajudá-la a lapidar e adequar essa característica introvertida é possível. No livro citado acima, são relatadas personalidades importantes e bem sucedidas que foram ou são tímidas: Albert Einstein, Cher, Neil Armstrong, Elvis Presley, Tom Hanks, Luis Fernando Veríssimo, entre outros…
No livro é sugerido trabalhar com a criança círculos de confiança que vão se ampliando. Primeiro a casa, a sala de aula, a escola, a rua, o bairro, etc.. espaços que ela se sinta cada vez mais segura. É importante o diálogo nos momentos oportunos. Interessante falar da comunicação como um ato de doação, no sentido de compartilhar o que está dentro, emergindo para compartilhar com o externo. Ensinar à criança a respiração completa, que abrange abdômen, costelas e tórax, e que se treinada com certa freqüência, nos momentos de necessidade, pode-se lançar mão para conseguir um controle emocional. A respiração é eficiente diante de qualquer tipo de desafio de ordem psicológica, pois conecta o fisiológico com o energético e emocional. Crianças tímidas em situações desafiadoras podem utilizá-la e certamente obterão sucesso. Na verdade trazer à criança a consciência de que ser tímido é uma característica que deve ser trabalhada. Ensinar que possuímos características que se tornam qualidades ou defeitos. Falar muito é vantajoso a um jornalista, mas desvantajoso a um garçom.
Esse trabalho deve vir através do diálogo. É importante o estímulo dos pais, convidando colegas para brincarem com seus filhos, valorizando a convivência da criança com outros indivíduos, colocando em atividades que estimulem a comunicação e a convivência como por exemplo, aula de dança, ou de teatro, ou de alguma outra atividade que a criança se identificar. É preciso que os pais também se abram ao convívio com pessoas diferentes, e estimulem seus filhos, sem desrespeitarem suas limitações, mas também sem acomodarem, pensando que o filho é calado e ponto final. Nada tem a ser feito. Na verdade sempre tem algo a ser feito diante de desafios que desagradam. Aumentar a auto estima da criança também é importante, mostrando a ela que todo ser humano possui limites e possibilidades e que a competição deve ser com ela mesma, pois sempre terão pessoas piores em algumas coisas e melhores em outras. E todos, inclusive ela, obviamente, tem muito valor. Com essa postura pais de crianças tímidas podem ajudar seus filhos. E muito…
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.