Daniele Vilela Cardoso Leite*
Manhã, tarde e noite. Infância, vida adulta, velhice. Início, meio, fim para um novo início, um novo meio e um novo fim… e assim consecutivamente. Estamos encerrando o ano de 2007 e iniciando o de 2008. E a vida acontece em forma de ciclos, naturalmente.
Foi perguntado qual o animal caminha sobre quatro apoios pela manhã, sobre dois apoios pela tarde e três a noite. O filósofo Sócrates, sabiamente, matou a charada e respondeu: – o homem. Na infância engatinha, na vida adulta anda com dois pés e na velhice com os dois mais a bengala, somando três. Se aceitamos o início, meio e fim de tudo para vir algo novo, nos deixamos ser guiados pela lei da natureza.
O símbolo do Yôga, OM, traduz essa grandeza do cíclico. “Este símbolo e mantra é considerado a origem e o fim de todos os verbos. É o som mais próximo da palavra divina. Nele o Universo se cria, se conserva, e se dissolve.” Lutar contra a lei da natureza não faz sentido, apesar das dificuldades para aceitarmos com naturalidade o nascimento e a morte. Na mitologia Hindu existem as divindades que traduzem as forças do início, meio e fim. Shiva é o deus que simboliza o fim enquanto força transformadora.
“Shiva, ou Rudra, é considerado o Grande Benfeitor e Pai do Universo. No mundo indiano é o aspecto da divindade que destrói e recria, dá a iluminação. Rei cósmico dançarino, dança dentro de um flamejante círculo simbolizando o OM. Em sua orelha direita está o brinco de homem e sua orelha esquerda tem o brinco de mulher, mostrando que ele é ambos. As serpentes que estão enroscadas ao redor de seu cabelo e corpo representam a força cósmica de Shiva. A Sua forma divina encerra todos os segredos da criação. Shiva tem três olhos representados pelo Sol, pela Lua e pelo Fogo e revelam-lhe todas as coisas do passado, do presente e do futuro. O terceiro olho, localizado na testa, é o símbolo da sabedoria espiritual. Está ligado ao fogo cósmico. Tem o pescoço azul por ter salvo o Universo ao beber o veneno durante a revolta dos oceanos dos deuses. Desde então foi chamado de Deus da garganta azul, e assim, o azul simbolizou a salvação do mundo.”
Ao fecharmos um ano e iniciarmos outro renovam-se as energias. A força do início, do começo, trás disposição, esperança, ânimo. Força que vem do novo, da fé e do fato de que o mundo é movimento. Portanto, alcançar as metas é possível, e é provável, desde que se trabalhe para isso. As realizações não surgem do nada. São frutos de doação, entrega e persistência. E o novo emana toda essa vibração. Que soltemos as tristezas e alegrias de 2007 na energia, no coração. E possamos nos lançar ao novo, a 2008, com esperança, fé, consciência de que a vida é movimento, é fluida, cíclica, inesperada e surpreendente. Que a deixemos nos surpreender!!!
“O aspirante à vida deve ter como objetivo o estado de preparação mental para a compreensão do Divino.Em outras palavras, seu coração deve ser purificado do desespero, livre de hesitação e dúvida , e aberto às ondas de bem-aventurança que se movem por todos os lados no universo de Deus. O amor traz as ondas, sempre expansivas como elas são. Siga as diretrizes das referências que regem sua fé. Isso o ajudará a compreender o propósito da vida. Desde que cada ação tem sua reação apropriada, cuidado com as más intenções, as palavras ruins e os atos que prejudicam os outros e, portanto, o prejudicam. Dirija sua vida honrando todos ao seu redor como templos do Divino.”
(Sathya Sai Baba)
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.