Daniele Vilela Cardoso Leite*
Quando um aluno se propõe a estudar em casa as matérias vistas em sala, uns leem alto para si mesmos, pois aprendem melhor através da verbalização. Outros escrevem, pois este é o seu melhor meio para aprender.
Há os que em sala de aula desligam-se de tudo e “escutam com a alma” o que o professor fala. São auditivos, portanto aprendem com muita facilidade através da escuta.
Cada pessoa possui sua maneira específica. Esse é um dos desafios da educação. Trabalhar com a singularidade dos seres. E são muitos os perdidos, que têm dificuldade em encontrar o seu melhor caminho.
Um dos principais motivos desta dificuldade e outro grande desafio da educação é a falta de interesse e vontade por parte dos educandos. Como dizia Galileu Galilei, “não se pode ensinar tudo a alguém, pode-se apenas ajudar a encontrar por si mesmo”.
Um dos fascínios do aprendizado é que ele vem de dentro para fora, no sentido em que cada um descobre seu melhor meio para aprender, se fazendo necessário desejar o saber. Entender que tudo tem um preço. Para conquistar esse saber é preciso dar de si, dedicar tempo, se esforçar.
Muitos são os que desejam e têm interesse, mas quando se deparam com a realidade de que é preciso gastar energia, não têm disposição para pagar o preço. Outros não desejam, não dão o mínimo valor a esse saber. E há os que desejam, têm interesse e aprendem a doar sua energia e então se realizam e só lucram.
“Preservar é aprender. Aprender é praticar. Praticar é ganhar experiência. Experiência é crise. Crise é prova. Prova é fortalecimento. Fortalecimento é liberdade. Liberdade é criar do nada. Criar do nada é transformar. Transformar é caminho e fim ao mesmo tempo”.
As pessoas aprendem a aprender quando vêem ao invés de olhar. Comentei certa vez a diferença entre ver e olhar. “Olhar é um ato mecânico, sem reflexo. Ver é receber uma impressão e pesquisá-la. Ultrapassar o estabelecido por códigos. Ver é deixar os condicionamentos e travar uma intimidade maior com tudo que é perceptível. Ver é descobrir novas informações e saber que a fonte é sempre inalterável e inesgotável. Ver é descobrir o olhado”.
As pessoas aprendem a aprender quando vêem ao invés de olhar. Isso depende da nossa vontade e interesse e da nossa disposição em gastar energia e nos esforçarmos. Os pais e educadores podem ajudar a criança, despertando-a para o aprendizado.
Há os que só entendem que aprender passa pelo viés da vontade e da entrega quando estão mais velhos. Há os que param de estudar, acham que simplesmente não dão conta e morrem sem acreditar serem capazes. Há os que não chegam a perceber que o estudo e o aprendizado advindo dele é algo mais voluntário que involuntário (“não cai do céu”). Mais ativo que passivo. Aí então se frustram. Em primeiro lugar, o desejo. Depois, doação, entrega, energia, dar para receber. Eis aí elementos fundamentais e presentes nas pessoas que tiram da vida o máximo proveito.
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.