Daniele Vilela Cardoso Leite*
A compulsão é um descontrole emocional que leva à repetição contínua de um comportamento. Alguém que vai ao shopping e faz compras todos os dias, mesmo que não tenha condições financeiras e não esteja podendo nem precisando, mas vai até as lojas e sem conseguir resistir acaba comprando, possui uma compulsão por comprar.
Muitas vezes, o indivíduo sabe que não tem dinheiro, não pode. Mas mesmo assim uma “força maior” o faz agir desta maneira. Existem várias outras situações como, por exemplo, a pessoa que se alimenta de forma absolutamente exagerada, contínua, durante o dia todo. Ou aqueles que vivem em função exclusiva da limpeza etc.
Por trás das compulsões existe emocionalmente algo em desequilíbrio, em desarmonia. A compulsão é uma espécie de compensação por alguma falta, ou algum problema mal resolvido. Há uma energia que está mal canalizada. E energias mal canalizadas aparecem de alguma maneira. Seja através de doenças, medos, fobias, tiques nervosos, compulsões. Como o ser humano é singular, com cada um acontece de uma forma.
Existem várias maneiras de canalizar as energias de forma saudável e como as pessoas são únicas, cada uma tem que procurar qual é a sua. Seja praticando esportes, trabalhando, produzindo, se sentindo útil. Seja amando, praticando yoga, cantando, tocando, pintando, estudando, procriando etc.
No entanto, se o indivíduo se sente perdido, sem saber como se expressar, é hora de procurar auxílio. Principalmente quando situações mal resolvidas, problemas não solucionados, repressões, estiverem se manifestando através de sintomas como, por exemplo, as compulsões. Elas são sinal de que a pessoa não conseguiu resolver algum problema. E consequentemente preenche esta “falta interior” agindo compulsivamente.
Geralmente os compulsivos chegam aos consultórios psicológicos dizendo o seguinte: “Não entendo o que acontece comigo. Não consigo me controlar. Não possuo poder sobre mim e a sensação é de profunda impotência e muitos questionamentos sobre o que realmente me acontece”.
E ocorre que durante o tratamento, à medida que o indivíduo vai falando, organizando e articulando seus pensamentos, ele entra em processo de autodescoberta e é assim que se efetua a melhora. É quando ele consegue se escutar, se compreender. Pessoas céticas, que não levam o poder da mente em consideração, nestes momentos mudam suas opiniões. Entendem a força do emocional em nossas vidas.
Por isso, cuide de sua saúde mental. Seja bom para você mesmo, procurando a sua maneira adequada de resolver os problemas, canalizar suas energias para o mundo.
Você possui todo esse poder. Use-o a seu favor.
“Escutar é uma busca para encontrar o tesouro da pessoa verdadeira, que se revela verbalmente e não-verbalmente”. (John Powell)
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.