Daniele Vilela Cardoso Leite*
O que parece óbvio nem sempre é compreendido. Adequação de comportamento a princípio parece algo básico. Mas nem sempre percebido. O indivíduo não deve sair durante o inverno, nos dias em que as temperaturas climáticas estão baixas, de camiseta e bermuda. No verão não é adequado usar roupas de lã, ou pesadas. É óbvio. Esses são exemplos bastante explícitos, mas a prática envolve as mais variadas situações, muitas vezes sutis.
Na linguagem popular a falta de adequação é comentada como “falta de noção”. A globalização, a exploração e mistura das várias culturas, a saudável e justa liberdade de expressão do mundo moderno trouxe comportamentos inovadores, e também uma gama extensa de possibilidades de posturas, o que deixa muitos indivíduos sem referência e perdidos quanto ao que é adequado ou não. O comportamento transgressor é necessário para a quebra de paradigmas, o progresso e evolução. No entanto, o resultado da transgressão pode culminar em mudança no comportamento social, ou em conseqüência negativa em que o transgressor será considerado um indivíduo que apresenta comportamento inadequado.
Nas relações interpessoais, desde as micro às macrorrelações, a visão do que seja adequado às vezes se transforma em função da cultura. Mas ainda com todas as predisposições adversas, existem boas referências para nos pautarmos. Valores positivos que norteiam as relações são baseados em respeito, autoconhecimento, consciência diante dos fatos. É preciso atenção ao que ocorre consigo e com o mundo ao redor para assim advir o discernimento.
No dia a dia é preciso muita atenção e interesse em vislumbrar os acontecimentos de forma empática. Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro. Tal exercício demanda desprendimento e amadurecimento. Pessoas egoístas não são empáticas e correm o risco de “perder a noção”. Às vezes ocorre do indivíduo não perceber que falta adequação ao comportamento e é preciso que alguém converse, dialogue de forma a se fazer ouvir. Acontece também dos indivíduos terem consciência da inadequação do comportamento e ainda assim não mudarem a postura. Por não desejarem ou não conseguirem tal transformação.
Percebe-se a nítida inadequação quando as conseqüências dos atos são negativas. Ainda assim há os que se fazem de vítima e responsabilizam o mundo pelas infelicidades. Menos a si mesmos. Quem se percebe dessa maneira não transmuta, não transforma, ou as mudanças vem de forma profundamente lenta. Podemos pensar que o que é adequado para um indivíduo pode não ser para outro. Mas tal raciocínio não leva em consideração o real conceito de adequação, que é “ ajustamento, acomodação, adaptação”. O que é adequado está apropriado, ajustado. Quando não há o ajustamento, a acomodação, há algo inadequado. Que possamos trazer tais reflexões à nossa vida para a melhoria de nossos relacionamentos interpessoais e nossa postura no mundo.
Até a próxima!!!!
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.