Daniele Vilela Cardoso Leite*
A depressão é uma patologia que não atinge apenas adultos, mas também crianças que dependem do olhar e das observações dos adultos para que haja um diagnóstico. Segundo informações observadas no K-SADS-PL, Questionário Neuropsicológico ( o mais atual tem a referência do DSM IV), existem alguns fatores a serem observados para diagnosticar a depressão infantil.
Caso a criança fique por tempo prolongado sombria, infeliz, sem motivação para brincar, chorando com freqüência, é prudente observar com atenção. Outra maneira que a criança tem para manifestar é através de irritabilidade, raiva, mau humor, demonstração constante de nervosismo. A criança pode sentir-se irritada e não estar deprimida. Por isso é importante observar o contexto e os possíveis motivos, toda a situação. As crianças podem também perder o interesse pelas brincadeiras e atividades diversificadas, perderem a capacidade de se divertirem. Isso é a anedonia, que refere-se a perda parcial ou total da capacidade de ter prazer. A criança passa a achar tudo chato e sem graça.
Outros sintomas que podem surgir são: – falta de reatividade do humor deprimido ou irritável a estímulos positivos; -alteração do sono (insônia ou necessidade aumentada de dormir, mais do que a habitual); – inversão do ciclo circadiano (trocar o dia pela noite); – fadiga, falta de energia, cansaço; -falta de atenção, lentificação do pensamento; – alterações cognitivas que emergem na escola ou fora dela; – indecisão, perda de peso, agitação, culpa inadequada, desesperança, pessimismo, sensibilidade à rejeição. Mas atenção!!! Somente um desses sintomas isolados não caracteriza a depressão infantil. É a confluência de vários desses sintomas que conduz à hipótese de tal diagnóstico.
A depressão é causada por fatores emocionais associados em alguns casos a predisposições genéticas, e provocam alteração de certas substâncias neuroquímicas existentes no cérebro. É muito importante detectar o problema para que possa ser tratado. Depressão é uma doença e deve ser percebida como tal. Em caso de dúvida ou suspeita de que algo estranho ocorre com a criança, procure um especialista para auxiliar. Crianças também como os adultos, são sensíveis a sobrecargas de atividades, estresses, pressões emocionais, ambientes desestruturados, agressivos, sobrecargas afetivas, dores emocionais. É um grande equívoco pensar que crianças não entendem os acontecimentos ao redor. Elas podem não ter o mesmo tipo de compreensão dos adultos, mas absorvem os fatos e elaboram de uma maneira muito específica a cada fase do seu desenvolvimento.
A depressão pode atingir pessoas em qualquer idade. Crianças, adolescentes, adultos, idosos. O pós parto também é uma época propícia ao distúrbio devido às mudanças nas taxas hormonais e na transformação de vida da futura mãe. Existem tipos de depressão, uns mais graves, outros mais leves, mas todos precisam de tratamento. E a criança em especial necessita que tenham pessoas por perto que a observem, cuidem dela com atenção e sensibilidade aos sinais que emitem. A depressão precisa ser tratada e é um desafio que surge para ser superado. Para isso é preciso cuidar, zelar, observar, não apenas o âmbito físico, mas também o emocional. Não pense que cuidar apenas da saúde física seja suficiente. Crianças precisam de muito mais, exigem muito mais e são sensíveis a todos os acontecimentos ao seu redor.
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.