Daniele Vilela Cardoso Leite*
Lidar com crítica exige inteligência emocional e maturidade. Há os que se revoltam diante dela porque não se permitem errar. Não suportam escutar que precisam melhorar. Por outro lado, há os que a transformam em benefício e oportunidade para mudança.
É comum escutarmos pessoas criticando, sem que haja alguma possibilidade de mudança. Quantas vezes escutamos o comentário “esse governo está péssimo”, mas o autor da frase não contribui em nada para melhorar sua vida e assim, consequentemente, a do país? Agindo dessa maneira, a crítica se torna apenas um canal para se perpetuar o negativo. Apenas uma reclamação, sendo que ela faz sentido quando remete à alguma mudança. É a chamada crítica construtiva. Para tanto, a humildade de escutar o que o outro tem a dizer é essencial.
Ocorre de pais criticarem os filhos, filhos os pai, namorados e esposos criticam-se mutuamente. Inclusive nas relações de trabalho, sem contudo que seja com o objetivo de mudança. Critica-se para expressar a insatisfação, mas apenas isso. Foca-se o ruim ao invés de procurar o bom. Mas para ser válida, a crítica não pode servir de instrumento de vingança ou para uma pessoa se sentir superior a outra, pois assim não haverá resposta positiva.
O crescimento verdadeiro vem do diálogo. A abertura de ambas as partes para que se estabeleça o diálogo, que é bilateral, é essencial. A psicóloga Edina de Paula Bonsucesso comenta em seu livro “Trabalho e Qualidade de Vida” que “nas organizações as práticas inadequadas de lidar com o erro e a crítica provocam discussões acirradas, ou silêncio, permeados pelo medo e pela raiva. Ambos são vivenciados constantemente, reprimidos ou expressos de forma inadequada. Estes constituem as grandes forças dificultadoras do diálogo, uma vez que criam barreiras à abertura e à confiança, indispensáveis ao estabelecimento do diálogo nas relações de trabalho”. “… ao contrário, o afeto, por sua natureza mobilizadora de emoções positivas, tem sido o suporte das propostas de melhoria da qualidade de vida nas organizações.”
O orgulho e a não aceitação do erro, (lê-se baixa autoestima) impedem o crescimento e a evolução pessoal, profissional, social. Fazer e receber críticas exige um aprendizado . Falar por falar, reclamar, não leva a nada. Ou, pior, leva ao reforço do negativo. Assim como usar a crítica para humilhar o outro. Se você quer crescer e evoluir, preste atenção à maneira que faz e recebe crítica. Faça delas aliadas, e não inimigas…
“Conhecimento sem ação é como gelo em cima de um fogão quente”
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.