Daniele Vilela Cardoso Leite*
Sabemos que um dos principais pilares para se manter uma relação amorosa é a comunicação. Um casal que não desenvolve uma boa comunicação, não consegue manter o amor.
John Powell, em seu livro “O Segredo do Amor Eterno”, comenta sobre dois tipos de comunicação em uma relação amorosa. O primeiro faz menção à comunicação, ou ao compartilhamento de emoções ou sentimentos. A este dá o nome de diálogo. E o segundo tipo é referente ao compartilhar de idéias, valores, planos e decisões em conjunto. A este tipo, chama de discussão.
Ele defende que deve haver uma liberação de emoções (diálogo) entre os parceiros envolvidos numa relação de amor antes que eles possam chegar a uma deliberação (discussão) segura sobre planos, escolhas, valores.
Mas por medo e defesa, muitos são os que têm dificuldade em falar de si. Geralmente, as defesas são as grandes vilãs nos relacionamentos interpessoais. Não só nos amorosos, mas em qualquer tipo de relacionamento, como nas relações de trabalho, entre familiares, conhecidos etc.
Ocorrem situações que vão do coloquial, como por exemplo, alguém deixar de cumprimentar o outro na rua por medo de uma não-resposta, a situações mais complexas como em uma relação amorosa.
É impressionante quando se consegue observar o quanto estas defesas impedem as pessoas de se comunicarem, se entenderem, evoluírem. Quantos deixam de amar, por medo de não serem aceitos pelo outro? Quantos deixam de se mostrar como realmente são por insegurança? Quantos buscam o poder, a vaidade, o dinheiro, para se sentirem seguros? Tudo isso por medo de não serem aceitos, nem reconhecidos.
As pessoas, ao se defenderem, geralmente negam suas limitações, tentam camuflar ou compensar o que consideram um defeito, um ponto negativo. John Powell comenta que muitas pessoas famosas se tornaram boas naquilo que se propunham a fazer, porque estavam querendo compensar algo que se consideravam ruins. É o que se chama “compensação substituta”.
Na psicologia freudiana, mecanismos de defesa são os diversos tipos de processos psíquicos, cuja finalidade consiste em afastar um evento gerador de angústia da percepção consciente. São funções do Ego, e por definição inconscientes (repressão, divisão ou cisão, negação ou negação da realidade, projeção, racionalização, formação reativa, identificação, regressão, isolamento, deslocamento, sublimação).
O caminho para uma relação melhor com o mundo em que existam menos defesas, é o autoconhecimento. É através dele que as pessoas vão entendendo o porquê de reagirem diante das situações, da maneira como reagem. E é apenas através da compreensão e da consciência dos problemas é que se torna possível mudar, evoluir, desenvolver. É através do autoconhecimento que as defesas podem se tornar menores, que o indivíduo consegue aceitar a si e ao outro, cobrando menos, exigindo menos, aceitando mais as realidades da vida.
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.