Daniele Vilela Cardoso Leite*
São tantos os desejos, ambições, alvos, metas, objetivos, que muitos nem percebem o que têm em nome do que não têm. Nossa sociedade capitalista reforça ainda mais esse tipo de comportamento, pois o interesse é que se consuma cada vez mais para que os lucros não parem de crescer.
A mídia desempenha bem o papel de despertar interesses e desejos nas pessoas, principalmente crianças e adolescentes, que serão os futuros pais, e continuarão dando prosseguimento ao sistema como ele é, repassando o que aprenderam.
A evolução e o progresso são importantes e essenciais, mas a força propulsora desse progresso, que tem sido uma ambição desmedida, tem causado ansiedade e insatisfações nas pessoas. Elas não conseguem valorizar e nem mesmo enxergar, perceber e ver tudo de bom que possuem. Às vezes são saudáveis, têm onde morar, o que comer, entre tantas outras coisas, e é como se isso não significasse nada. Não sabem valorizar.
O desafio é reconhecer tudo de positivo e continuar no caminho da evolução e do progresso, pois a vida não pára.
Frustração, insatisfação e inveja, são sentimentos que acometem quem não possui estrutura emocional para buscar o que almejam com tranquilidade, ao invés do desespero cego.
Lidar com frustrações faz parte da vida e quem não consegue elaborar isso sofre, se desespera, adoece. A insatisfação serve para indicar que é necessário a mudança ou nas atitudes ou no modo de ver a vida, e não para paralisar o indivíduo.
E a inveja é definida como “desgosto pelo bem ou felicidade que é do outro”.
“A inveja é um problema interno, psíquico e com grandes repercussões nas relações humanas”. Quem sofre com este tipo de problema precisa procurar tratamento, pois apesar de não ser considerada uma doença, se caracteriza por um desvio de comportamento com conseqüências desastrosas às pessoas. O invejoso é mal humorado, irritadiço, se anula, se rebaixa, não percebe seu potencial e portanto geralmente não o emprega.
Pessoas invejosas geralmente não conseguem ser produtivas. Ao invés de canalizarem sua energia para o trabalho, permanecem fixadas no que não têm, nas perdas, nas frustrações, nos sentimentos nocivos que destinam a outras pessoas, mas que vibram nelas e portanto atrapalham a elas mesmas.
A ociosidade é uma das coisas que pode trazer ambições e desejos que nunca se realizam. Trabalhar eleva o indivíduo. O faz enxergar outros ângulos de uma mesma situação. Mas é preciso coerência e reflexão na condução dos fatos. Observamos hoje altos índices de estresse advindos de trabalho excessivo. Os desejos são tantos que passa-se por cima da própria saúde e do respeito por si mesmo. Os extremos só têm a prejudicar.
Enxergue o que você possui de bom (todos têm algo de positivo, assim como de negativo também…), acalme seu coração, preencha-o com fé e amor, e viva a vida, com metas e objetivos, desejos, mas todos envoltos em flexibilidade, pois eles podem se realizar ou não. E caso não se realizem, não é o fim do mundo. Outros virão.
É preciso deixar a vida acontecer. Há pessoas que se fecham de tal maneira em seus desejos, que a vida traz prêmios e presentes diferentes do esperado e que passam despercebidos, não são notados. E veja bem que a vida é da ordem do imprevisível, do inesperado, do surpreendente. Permita que ela te surpreenda, sem medo. Não fixe sua atenção apenas em seus desejos, desesperada e insaciavelmente. Não ignore tudo isso.
Se você quer que o sol entre em sua casa, tem que abrir a janela. Da mesma forma, se quer que a vida aconteça, abra seu coração, sem rigidez, com leveza e entrega. Com a sabedoria de que é com atitudes coerentes e logo após com descontração que os caminhos se abrem ao que for mais adequado para sua vida.
Deixe a vida acontecer, sem forçar, levemente. Faça sua parte e confie… solte os resultados e viva, viva, viva…
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.