Daniele Vilela Cardoso Leite*
“As coisas não são boas nem más, por si sós. É o uso que delas se faz que pode ser positivo ou negativo”. No livro “Encurtando a Adolescência”, Tânia Zagury conduz a reflexões importantes relativas à utilização do computador pelas crianças e adolescentes.
Segundo ela é fundamental estabelecer regras e limites para evitar o exagero e o mau uso. -No caso da internet, por exemplo: ela pode ser um meio auxiliar fabuloso para nossas crianças tornarem-se mais interessadas e motivadas para o estudo, a pesquisa, a atualização de informações. Porém, se a criança ou jovem só navega em sites eróticos, se fica a noite inteira acordada em chats, escrevendo e recebendo mensagens grosseiras ou degradantes, e, no dia seguinte não consegue manter os olhos abertos nas aulas, então estamos simplesmente colhendo os frutos da má orientação no uso do instrumento.
-Estabeleça com seus filhos, desde o início, regras para a utilização da internet. Internet tem que ter limite de horas de uso diário, tanto para crianças como para adolescentes. É inadmissível achar que uma menina de 12, 13 anos pode ficar até as quatro ou cinco horas da madrugada “batendo papo” pela internet, perdendo horas preciosas de repouso simplesmente porque os pais acreditam quando ela afirma que “todos os amigos fazem assim”. Não podemos nem devemos temer esse tipo de chantagem. Se a acolhemos, é sinal apenas de que estamos inseguros, sem diretrizes educacionais claras, ou talvez não tenhamos realmente percepção do quanto estamos deixando a competitividade da sociedade nos controlar. Não queremos ficar “atrás” de nada nem de ninguém. Talvez isso explique por que funciona tão bem a afirmativa de que “todos fazem, todos deixam”… Encontra eco, encontra ressonância nos nossos próprios medos. Se temos certeza de que uma hora por dia é suficiente para internet, então façamos um acordo desde o início: antes de contratar um provedor, avise logo seus filhos de quanto tempo eles disporão para utiliza-la. Assim, estaremos dando o que eles querem, deixando que se familiarizem e utilizem um meio de comunicação que lhes será útil profissionalmente no futuro, mas sem os exageros que podem conduzir a problemas?. Muitos pais inocentemente ou por falta de domínio do assunto acham “bonito” seus filhos estarem utilizando com tanta dedicação o computador, enquanto na verdade eles podem estar sendo influenciados negativamente. O que não quer dizer que o computador não seja uma importante ferramenta utilizada no mundo moderno. É importante orientar, dialogar, alertar que existem pessoas que ?se utilizam da web para divulgar idéias preconceituosas, racistas, outras que divulgam idéias distorcidas sobre sexo, que existem pessoas com desequilíbrios emocionais ou sexuais?, etc.
Em entrevista concedida ao Jornal “Vida Integral”, Valdemar S. Setzer, do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP, comenta sobre os efeitos de computadores, videogames, internet e televisão para quem ainda está em fase de formação. A entrevista é fantástica. Quem se interessar acesse a entrevista em http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/entrev/vidainteg.html .
Vale a pena conferir!!!
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.