Daniele Vilela Cardoso Leite*
Caro leitor, ao pesquisar um tema que pudesse acrescentar algo de interessante a quem lê a Coluna “Vivência”, deparei-me com uma reportagem que explorava a questão da disciplina, de maneira realmente sábia. Desejo dividir com você os melhores trechos, porque vale a pena refletir sobre a questão.
“Ser disciplinado é ser senhor do seu destino, é ser seu próprio mestre, é estar no controle de seus atos”. “Mas porque é tão difícil ser disciplinado? Ora, “temos que lutar contra uma poderosa herança ancestral cuja função é a sobrevivência e as únicas preocupações são o procriar, comer e dormir”. “Mas como driblar essa eterna busca do prazer? Epicuro, por exemplo, explicava que era conveniente primeiro questionar o prazer (já que dizer não de cara é praticamente impossível). De acordo com ele, todo prazer constitui um bem por sua própria natureza; entretanto nem todos devem ser escolhidos. Do mesmo modo, toda dor é um mal, mas nem todas devem ser evitadas. O prazer deve ser evitado quando dele resultarem efeitos desagradáveis, e o sofrimento acolhido se, após a dor, advier um prazer maior”. Para o lama Kalden?todo mundo tem disciplina. Se você quer ir ao cinema, compra um jornal para ver o horário, pega o carro, vai até o endereço, estaciona. Isto é disciplina: uma série de passos que leva ao seu objetivo. Porém a disciplina não se resume apenas à execução de tarefas. É uma postura, uma forma de estar no mundo”.”Você tem uma visão sobre o que pretende realizar, define o que precisa fazer para conseguir seu objetivo, assume o compromisso com sua causa e simplesmente faz. Isso é agir com disciplina”.
Para o filósofo John Locke, “a disciplina era uma espécie de alicerce interior, uma ferramenta de crescimento, pois a mente só é capaz de crescer, de se aprimorar, quando disciplinada para esse objetivo”. “Mas Tom Chung alerta para os excessos e afirma que tentar impor regras e limites para tudo é um exagero que pode trazer rigidez burocrata e até tirania. De acordo com o psiquiatra, a disciplina está diretamente associada à responsabilidade, motivo porque exige bom senso para compreender quando ela é essencial, quando é efetiva e quando é inconveniente. A vida não tem um ensaio e torná-la dura não é um objetivo que traga felicidade. É preciso ser flexível. Métodos disciplinares duros frustram e desestimulam”.
Refletir sobre essas palavras implica em pensar na disciplina sob um viés cultural que vai além do senso comum que diz que ser disciplinado é ser calado, quieto, ou até mesmo rígido. Muito pelo contrário. Ser disciplinado é ser inteligente! O mercado de trabalho hoje valoriza esse perfil de profissional. Que possua bom senso, que saiba cuidar de si, que consiga se apresentar de forma clara, eficiente. A disciplina também pode ser uma conquista do pensamento. Para os orientais, a meditação é uma forma de disciplinar o pensamento.
Ao refletir sobre o valor da disciplina em nossa vida, já estamos abrindo possibilidades de nos tornarmos pessoas mais disciplinadas. Tomar consciência de sua importância já é muito rico. Mas é sempre bom lembrar que rigidez ou flexibilidade em excesso, não levam a lugar nenhum. O equilíbrio e o bom senso nas metas a serem realizadas é que possibilitam o sucesso, que é certeiro quando há disciplina, persistência, vontade…
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.