Daniele Vilela Cardoso Leite*
Em meio à modernidade observa-se que cada vez mais tecnologia é empregada com o fim de proporcionar maior agilidade a todos os setores. Carros cada vez mais velozes, informações instantâneas sobre acontecimentos em toda parte do planeta, forno micro ondas, caixas- rápido, telefonia a longo alcance, aviões ultra potentes, fotografias digitais instantâneas, trens bala, os vários sistemas como de saúde, educação etc. informatizados para agilizar ao máximo os trâmites burocráticos e concretos.
Faz-se de tudo para ganhar tempo, embora o homem moderno tenha cada vez menos tempo. No entanto é inegável que a falta de tempo seja também conseqüência de uma produtividade muito ampla. A contradição que o homem moderno precisa conviver e administrar é que simultaneamente à importância da agilidade, inclusive em relação ao mercado de trabalho, é também imprescindível esperar o tempo certo para o amadurecimento de cada situação vivida. É necessário rapidez e agilidade em muitos momentos e também tranqüilidade, paciência, espera, respeito à lentidão exigida por determinadas metas e objetivos em outros.
Como diz a Escritura da Bíblia (as Escrituras Sagradas existentes no planeta devem ser as principais referências, como por exemplo, além da Bíblia, os Vêdas, entre outras, ao invés de muitas leituras por vezes vazias e improdutivas) “para todas as coisas há um tempo e um propósito sob os céus: tempo para nascer e tempo para morrer; tempo para plantar e tempo para colher; tempo para matar e tempo para curar; tempo para destruir e tempo para edificar; tempo para chorar e tempo para rir; tempo para espalhar pedras e tempo para juntá-las; tempo para abraçar e tempo para refrear os abraços; tempo para procurar e tempo para perder; tempo para guardar e tempo para por para fora; tempo para rasgar e tempo para coser; tempo para calar e tempo para falar; tempo para amar e tempo para odiar; tempo para a guerra e tempo para a paz” Eclesiastes 3:1-8 .
Vivenciar a dicotomia entre muita agilidade em determinadas situações e muita lentidão e paciência em outras exige sabedoria, sapiência. Muitos se descontrolam e adoecem, adquirindo patologias como ansiedades crônicas, ou crises graves de ansiedade, síndromes do pânico, entre outras doenças dessa ordem.. Uma forma de prevenção do descontrole nesse sentido é ter consciência. Para a Ciência da Psicologia, tornar consciente algo que está presente mas é imperceptível é a chave para a libertação daquele problema. Raciocinando dessa maneira, ter consciência de que em determinados momentos temos que ser ágeis e em outros temos necessariamente que esperar e aguardar pode prevenir doenças e evitar aborrecimentos e desesperos desnecessários.
A Natureza é a maior Mestras em termos de respeito ao tempo de maturação de tudo. A criança deve nascer após 9 meses de gestação, mesmo com toda a tecnologia de hoje em dia. As plantas têm um tempo certo do plantio à colheita. As estações do ano têm (ou pelo menos deveriam para haver equilíbrio global) seu tempo certo, primavera, verão, outono, inverno. Aos 2 anos se é uma criancinha. Aos 15 adolescente, aos 30 adulto, aos 80 idoso, e não há cosmético e tecnologia que mudem essa realidade, assim como a da morte. Fato é que em meio à correria, principalmente os grandes centros, é preciso ter paciência.
A vida pede, exige. Desobedecê-la é desobedecer o ritmo da natureza, é nadar contra a maré, é falta de sabedoria. Assim como permanecer por períodos extremamente longos ?esperando? é nocivo, é contrário à vida, à transformação, à fluência, à vitalidade. Saber o que cada situação pede requer realmente que se esteja atento, alerta, CONSCIENTE. Agilidade é em muitos momentos uma virtude, mas que se levar à exclusão da virtude da paciência, passa a ser nocivo. Com certeza, sem paciência não se vive…
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.