Daniele Vilela Cardoso Leite*
Ao refletir sobre o papel da escola percebe-se que “a ciência é a base de toda construção do conhecimento acadêmico e a escola comum opera com esse saber universal, produzido e reproduzido em detrimento do saber particular. Ela amplia todo e qualquer conhecimento que o aluno traz da sua experiência pessoal, social e cultural e procura meios de fazer com que o aluno supere o senso comum. A escola tem o dever de não se contentar apenas com o que o aluno já sabe, estimulando –o a prosseguir no entendimento de um fenômeno, ou de um objeto e de torná-lo capaz de distinguir o que estuda do que já sabe em uma ou varias áreas do conhecimento”.“ Mas acima de tudo, a escola tem a tarefa de ensinar os alunos a compartilharem o saber, os sentidos diferentes das coisas, as emoções, a discutir, a trocar pontos de vista. É na escola que desenvolvemos o espírito crítico, a observação e o reconhecimento do outro em todas as suas dimensões. Em suma, a escola comum tem um compromisso primordial e insubstituível: introduzir o aluno no mundo social ,cultural e científico; e todo o ser humano, incondicionalmente, tem direito a essa introdução”.
A escola comum recebe hoje crianças e jovens especiais, que não possuem a mesma velocidade e padrão de aprendizado da maioria das outras crianças. A isso chamamos de inclusão. Assunto complexo e polêmico, percebe-se a dificuldade da escola regular em receber esse perfil de alunos. Há “resistência institucional que contribui para aumentar e manter a discriminação. Presa ao conservadorismo e à estrutura de gestão dos serviços públicos educacionais, a escola continua norteada por mecanismos elitistas de promoção dos melhores alunos em todos os seus níveis”. Mas a inclusão é uma diretriz pedagógica em todo o mundo. Em países mais desenvolvidos já é uma realidade consolidada de forma mais adequada, e é assim que esperamos e desejamos que aconteça conosco, no Brasil. Não faz sentido andarmos na contra mão do mundo, que é todo a favor da inclusão a partir de bases científicas para que assim seja.
Crianças com dificuldade de aprendizado e algum tipo de deficiência precisam conviver com outras que estejam mais desenvolvidas para que umas possam aprender com as outras. Essa troca é rica e essencial, e é necessário que haja respeito entre todos. Ao contrário do que muitos pensam, não são salas homogêneas, e sim, salas com faixas etárias semelhantes nos vários níveis do processo de conhecimento que conduzem a diferentes possibilidades de acesso ao conhecimento. O momento histórico atual solicita das famílias, crianças e adolescentes em situação de inclusão muita força, coragem e determinação, pois é através de suas demandas que ocorrerão transformações nas escolas e nas pessoas.
Houve em Caeté no início desse ano um projeto realizado pela Escola “Senhora do Bonsucesso” cujo objetivo foi trabalhar o tema “Inclusão”. A Escola foi bastante elogiada pela qualidade do evento realizado. Os ajustes e mudanças que se fazem necessários para que ocorra o melhor às crianças e adolescentes virão de acordo com as demandas surgidas dentro da escola e nas vidas dessas crianças e famílias. Muitas transformações e conquistas históricas ocorreram a partir de indivíduos que em determinados momentos foram pioneiros em causas advindas de ideologias maiores, como essa, de uma educação que seja realmente inclusiva.
Citações: ” Educação Inclusiva – Atendimento Educacional Especializado para Deficiência Mental” – Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial.
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.