Daniele Vilela Cardoso Leite*
Dialogar com o filho sobre a importância de não deixar que ninguém toque seu corpo é algo indispensável. Passar orientação de que o corpo é sagrado e os órgãos íntimos são intocáveis é essencial. Uma breve conversa pode salvar um filho no sentido em que pessoas de má índole, abusadores, circulam em sociedade, e se a criança for previamente orientada, caso aconteça algo de anormal, irá mais facilmente relatar aos responsáveis e poderá se proteger melhor.
Outro papel indispensável é o de explicar aos filhos no momento adequado como os bebês vêm ao mundo. Associar sexualidade e respeito, educação, afetividade. A criança que não aprende em casa irá aprender “na rua”, geralmente de forma equivocada e inadequada. A Psicologia orienta que os pais respondam de forma verdadeira e objetiva às perguntas dos filhos, respeitando as etapas do desenvolvimento. Por exemplo, uma criança de 04 anos pergunta: “mãe, de onde vem o bebê? “. A resposta objetiva “da barriga da mãe”. Se a resposta satisfizer, provavelmente quando estiver mais velha irá fazer outras perguntas que deverão ser respondidas nessa linha de referência , que é a objetividade e a verdade.
As perguntas devem ser sempre respondidas. É importante não deixar dúvidas, mas especialmente quando a criança for muito nova não é necessário aprofundar nas respostas. Segundo Freud, no Período de Latência, que vai aproximadamente de 07 anos a 11, 12 anos, a energia psíquica ou libido estará direcionada a objetos cognitivos. Ao final de tal fase é interessante os pais comprarem livros sobre educação sexual, próprios para a infância, e lerem com os filhos, usando essa didática para explanarem sobre o assunto.
Outra observação relevante é que os pais devem ser zelosos e cuidadosos para não correrem o risco do filho presenciar uma relação sexual entre o casal. Há crianças expostas a acontecimentos dessa natureza, o que não é adequado. Adultos muitas vezes pensam que as crianças estão adormecidas, enquanto não estão, o que é fonte de problemas e inadequações. Outro perigo atual é a internet. Não é incomum casos de crianças traumatizadas ao assistirem cenas de sexo explícito, sem preparo ou noção de como ocorre uma relação sexual. Absorvem conceitos e valores equivocados, e sofrem uma violência.
Os pais devem orientar quanto ao uso da internet, e monitorar como os filhos utilizam essa ferramenta. Criança não possui maturidade para utilizar de forma livre a internet. Há também pais temerosos do filho desenvolver tendências homossexuais, e exageram em conceitos e valores, prejudicando ao invés de ajudarem na formação da criança. Crianças especiais também merecem atenção sobre o assunto. Sofrem muita repressão. Mas é preciso a consciência de que são seres humanos e possuem libido, assim como todos.
Para muitas famílias é mais fácil lidar negando a realidade, o que é errado. É óbvio que é um assunto delicado e que merece atenção especial, pois a vivência da sexualidade nesses casos demanda mais orientação e adequação do que na maioria das situações. Enfim, é necessário um olhar específico à questão da educação sexual de um filho. No passado o assunto não era abordado, o que configura um equívoco. Configura um comportamento omisso não abordar o assunto. É preciso dialogar e refletir sobre a questão…
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.