Daniele Vilela Cardoso Leite*
Muitos são os que sonham em ser pais perfeitos, e quando a realidade de que são humanos, e portanto falíveis vai vindo à tona, se frustram, cobram de si, sentem-se culpados. As pessoas que são muito exigentes consigo mesmas sofrem muito ao longo da vida, pois as situações vão surgindo, já que a vida é da ordem do imprevisível.
Desafios são impostos e é preciso humildade para, ao errar, reconhecer o erro e buscar a mudança. Como diz o ditado popular, errar é humano. O que não é permitido é permanecer no erro.
A caeteense Edina de Paula Bom Sucesso comenta em seu livro “Afeto e Limite”, quatro estilos de pais. Veja em qual você, pai ou mãe, mais se adequa. Ou você, filho, em qual estilo seus pais se fazem mais presentes. “Primeiramente será comentado o perfil dos pais controladores. Eles -julgam o comportamento dos filhos antes de esclarecer os fatos; -estabelecem regras rígidas e exigem que sejam obedecidas; -tentam controlar e moldar o comportamento dos filhos, definindo padrões inflexíveis; -valorizam a obediência ; -usam de medidas punitivas severas quando confrontados; -acreditam que a criança deve aceitar o que dizem, sem questionamento; -dirigem o lar com base nas tradições do passado; -priorizam a ordem e o controle; -repreendem e castigam os filhos quando manifestam raiva, medo ou tristeza; – evitam elogiar, temendo perder a autoridade; -temem perder o controle das emoções por isso reagem de forma agressiva e violenta colocam regras exageradas no momento da raiva e da irritação.”
“Filhos de pais controladores tornam-se amedrontados, retraídos, com baixa estima e dificuldade em confiar. Aprendem que sentimentos são errados, engolem a raiva. Costumam comportar-se agressivamente, ou são excessivamente tímidos.”
“Os pais protetores fogem das emoções negativas, acreditando que são prejudiciais; – não sabem o que fazer se a criança está triste, deprimida ou com raiva; evitam a abordagem dos problemas; – acreditam que o filho encontrará, sozinho, seu caminho; – protegem os filhos da emoção negativa, sem ensinar formas de resolver as dificuldades.”
“Filhos de pais protetores aprendem que os sentimentos são errados, que algo errado passa-se com ele, pelo que sente. São frágeis, confusos, não sabem lidar com críticas, submetem-se à pressão dos colegas.”
“Os pais permissivos são acolhedores e procuram atender aos impulsos dos filhos; – reconfortam a criança na emoção negativa, mas não ensinam formas de resolver as dificuldades; – são pouco exigentes quanto às responsabilidades domésticas dos filhos; – são passivos diante da desobediência; – não fazem exigências, acreditando que o filho deve se desenvolver de acordo com as suas inclinações naturais.
Alguns filhos de pais permissivos mostram-se egoístas, individualistas, apresentando dificuldade em desenvolver amizades. Se irritadas, demoram a sair deste estado, podendo comportar-se de forma descontrolada e ofensiva.”
“Pais educadores – estimulam os filhos a se afirmarem; – mostram abertura para discutir regras estabelecidas, quando os argumentos dos filhos são convincentes; – estabelecem limites claros em ambiente protetor e educativo; orientam , mas controlam. Só recorrem ao castigo quando é preciso resguardar a segurança; – valorizam a independência, mas exigem responsabilidade; elogiam a competência e elogiam o esforço; – respeitam os sentimentos da criança, explorando causas das emoções, escutando de forma empática; – impõe limites e ensinam a regular a emoção; – são carinhosos e expressam afeto com facilidade.”
“Filhos de pais educadores mostram-se mais preparados para suportar crises e problemas, conseguem acalmar-se e sair da angústia. São autoconfiantes, imaginativos, apresentando maior autoconsciência e autoconhecimento.”
É refletindo, se analisando, que os pais têm a oportunidade de estarem melhorando sempre… Edina comenta que um dos maiores desafios na educação é substituir a desaprovação, o castigo, as surras, pela atitude orientadora. Deixo esta frase para ser pensada e repensada por você, leitor…
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.