Daniele Vilela Cardoso Leite

Limitar não significa agredir

Daniele Vilela Cardoso Leite*

Época de carnaval, alegria, folia!!! Época também em que os indivíduos que não compreendem bem seus limites podem cometer erros como beber exageradamente e dirigir, ou se exaltar em alguma discussão, ou não controlar os ciúmes etc. Pois carnaval é um tempo de relaxamento e emoções mais livres e soltas.
É importante na infância aprender a lidar com os limites e frustrações para viver uma vida com equilíbrio. Ensinemos nossas crianças. As novas gerações vem sem noção de hierarquia, autoridade, respeito, postura. Acham que podem mandar, tomar decisões de acordo com seus desejos. O reflexo de tal realidade aparece como consequências observadas nitidamente no sistema atual. Pessoas egoístas, agressivas, revoltadas, imaturas. Que o limite é essencial não há dúvida. As dificuldades são em como impor tais limites.
É comum ouvir que antigamente os filhos respeitavam os pais, que batiam em seus filhos quando e o quanto quisessem. “E essas crianças deram gente”… é a fala de muitos. Mas raciocinemos em termos de energia psíquica. Por exemplo um tique nervoso é energia psíquica mal canalizada. Uma criança que apanha fisicamente corre grande risco de não conseguir controlar as emoções. Quando pressionada a tendência é que agrida, descontrole etc. Tal carga pode ser recebida e gerar canalizações de energia psíquica distorcidas. A criança pode desenvolver um tique nervoso, ou se tornar agressiva, ou qualquer outro tipo de manifestação (doenças, timidez excessiva etc. são inúmeras as possibilidades …) e será o canal por onde essa energia agressiva que entrou irá sair.
As evoluções devem ser além de tecnológicas, científicas etc. também humanas. É aí que está o desafio maior… Icami Tiba, famoso escritor e educador, fala em consequência no lugar da palavra castigo. Ele diz “ estamos no século XXI: educar não é mais seguir os padrões dos nossos pais, mas quebrar velhos modelos, atualizando-os com novos paradigmas. Pais e educadores precisam absorver o novo ritmo da geração digital de jovens, que , mergulhada em tantos estímulos tecnológicos , muitas vezes, funde-se à identidade dos grupos, permitindo que esta sobreponha à estrutura familiar”.
A consciência e a vivência de que tudo tem conseqüência é atualmente um modelo de referência para educação dos filhos. Pois é assim com crianças, adultos, seres humanos…saber aceitar o limite, não ser insubordinado à vida , mas é claro, sem nunca deixar de sonhar e ir além do estabelecido… bom carnaval a todos!!!!!

*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.