Daniele Vilela Cardoso Leite*
A ansiedade causa mal-estar, incômodo e dor emocional, sem um objeto aparentemente definido, ou seja, é uma sensação de insegurança que parece surgir do nada. A sensação é de como se a ansiedade fizesse parte da personalidade do sujeito.
Na verdade, a ansiedade surge quando, na infância, a criança começa a ser inserida na cultura , e vai percebendo que não poderá seguir todos os seus impulsos e instintos e quando tem que controlá-los e dominá-los em troca de sua subsistência física e emocional. Pois aos poucos ela vai percebendo os seus limites. Por exemplo, se pegar no fogo, irá se queimar. Se pular de um lugar alto, irá se machucar. Se não cumprir as expectativas dos pais, poderá perder o amor deles.
A ansiedade é uma reação a algum tipo de ameaça sentida pelo sujeito. Assim como a criança, que diante da possibilidade de perder o amor dos pais e a obrigação de submeter a regras sociais e culturais que vão contra o seu desejo se sente ansiosa, isto se repete com o adulto. Por um lado a ansiedade castiga, maltrata e prejudica o indivíduo. Por outro, o impulsiona a agir no sentido de realizar seus objetivos para ficar livre e ver sua vontade cumprida. Como a expectativa gera ansiedade, existe a tendência de resolver aquela pendência que incomoda.
Este é um aspecto até positivo. O problema é quando perde-se o controle das emoções e a ansiedade fica tão intensa que ao invés de impulsionar, paralisa a pessoa, causando imenso sofrimento e atrapalhando o desenvolvimento de sua vida.
O medo e a ansiedade caminham muito próximos. Medo de errar, de perder o amor de alguém, de perder o emprego, o status, a liberdade, de não dar conta diante de uma determinada situação, tudo isso gera ansiedade. As doenças mentais, em grande parte, vêm acompanhadas pela ansiedade em nível patológico. Por exemplo a fobia, síndrome do pânico, neuroses obsessivas, depressões etc. Sabemos que o equilíbrio é um dos segredos do bem viver. O difícil é conseguir o equilíbrio nas mais diversas situações da vida.
A ansiedade faz parte da existência humana no sentido em que somos seres racionais , mortais e que precisamos de amor, sendo que isso tira a possibilidade de nos sentirmos cem por cento seguros neste mundo e totalmente livres da ansiedade. Mas se há um desequilíbrio neste sentimento e ela torna-se exagerada, crônica, paralisando, incapacitando e trazendo intenso sofrimento, é o aviso , o recado do seu mundo emocional de que há algo errado.
É o que estamos sempre comentando… O nosso organismo envia-nos mensagens, sinais, o tempo todo, indicando se está tudo bem ou não. Cabe a cada um ler estas mensagens. E para isso é preciso estar alerta e tomar atitudes, pois se você apenas visualiza os problemas e não faz nada para mudá-los, estará alimentando mais uma fonte de ansiedade. Portanto percepção e ação. Este é o melhor caminho!
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.