Daniele Vilela Cardoso Leite*
“Em média, passamos adormecidos vinte e dois anos de nossa vida. Atualmente, sabemos muito mais sobre o sono do que sabíamos, porém, de muitas maneiras ele continua a ser tão misterioso quanto os buracos negros do espaço sideral”. Essas são palavras de Roo Usher, autor do interessante livro “ O Sono”. “Sabemos que o sono normal, relaxante, é constituído por cinco estágios. Os quatro primeiros aprofundam-se gradativamente, até a quinta etapa, chamada REM (sigla em inglês para movimento rápido dos olhos). Os estágios alteram-se durante toda a noite, porém os mais profundos – quando o cérebro está afastado da realidade consciente – parecem ser os de maior importância para o descanso e relaxamento”.
Na verdade, por mais que cientistas estudem e tentem explicar, o sono ainda é em muitos sentidos uma incógnita. Assim também como muitas doenças mentais. Por mais que se estude, ainda há muito a ser descoberto. Existe muito mistério envolvido. Mas muitas informações valiosas já vieram à tona. Por exemplo, que cada pessoa possui um relógio biológico muito particular, isso é fato. Existem casos de pessoas que viveram uma vida de trabalho e desenvolvimento, e que dormiam duas horas por noite. O importante, segundo os especialistas, é ter uma rotina, um horário estabelecido para dormir e acordar. É fato também que o sonho é fator preponderante para a manutenção da saúde mental, pois nos sonhos desejos são realizados, problemas são resolvidos, emoções encontram um canal de para serem extravasadas sem o qual não haveria o equilíbrio e a saúde mental correria um sério risco. Dormir é um processo que deve descansar, aliviar física e emocionalmente. É necessário desenvolver-se hábitos regulares de sono. Há um ciclo determinado pela natureza em torno do nosso tempo.
“No caso do ser humano, o ritmo que nos orienta é chamado circadiano, um termo cunhado pelo dr. Franz Halberg, derivado do latim circa (cerca de) e diem (dia) para reconhecer que, como a Terra, os animais funcionam num ciclo de 24 horas, um relógio biológico”. “ O que os pesquisadores do sono salientam sobre os ritmos circadianos é a regularidade. O que conta não é tanto a hora em que se vai para a cama, a hora em que a pessoa se levanta ou o tempo que se escoa entre ambos, mas, sim, o estabelecimento de um padrão. Uma pessoa que sofre de insônia vai dar risada à sugestão de que o sono é algo que deve ser ligado e desligado como um interruptor, entretanto existem certas formas de facilitar o fluxo do sono, particularmente através de rituais do sono”. Dormir é entregar. È relaxar, soltar, abandonar. Dormir ao lado de uma pessoa com tranqüilidade indica confiança. Podem ser muitos os fatores que atrapalham um indivíduo de dormir bem. Muitos resistem ao sono por dificuldade de entrega. Entrega ao inconsciente e ao fato de “ sair do controle”, sair da vigília. Vários por agitação mental, ansiedade. Ou por distúrbios ou doenças do sono, tais como pesadelos crônicos, terror noturno, sonambulismo, entre muitas outras patologias. No outro extremo da falta do sono há o excesso. Pessoas deprimidas muitas vezes encontram no sono uma saída. O excesso do sono é conhecido pelos especialistas como EDS ( excessive daytime sleepiness), e pode advir tanto de fatores emocionais quanto fisiológicos.
Dicas para uma boa noite de sono:
-Evite barulho excessivo, comidas pesadas, som e televisão ligados na hora de dormir. O melhor é dormir em lugar arejado, após ingestão de comida leve, criando um ambiente tranquilo. – Dormir no escuro é o mais adequado, pois a luz estimula a produção de certas substâncias químicas que deixam o cérebro am estado de maior vigília. – Efetue respirações mais profundas e vá enviando à mente comandos de descontração. – Um banho relaxante, sempre levando em consideração o valor da água, portanto usando-a com bom senso também pode ser benéfico para um sono tranqüilo. Mas se ainda assim o indivíduo não conseguir dormir, deve levantar-se e procurar alguma atividade adequada. Rolar muito tempo na cama gera mais ansiedade. E lembrando, é claro, que cada pessoa possui uma determinada necessidade de tempo de sono. Respeitar essa diversidade é essencial, assim como lembrar da importância do ritmo e dos horários.
Citações retiradas do livro: “ O Sono”, Roo Usher.
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.