Daniele Vilela Cardoso Leite*
Receber para atendimento criança que, na ausência dos pais foi institucionalizada em determinada cidade do Estado de Minas Gerais remeteu-me à reflexão de como tem sido feito esse tipo de trabalho em Caeté e em outras cidades. Em Caeté existe a Casa de Passagem que, como já citei em outro artigo escrito para o Jornal Acontece, acolhe em caráter excepcional crianças e adolescentes de zero a 17 anos e 11 meses vítimas de abandono e outras violações graves com parâmetros de funcionamento baseados em legislações que regem as políticas sociais. Há profissionais como Assistente Social, Psicólogo Social, Coordenador, entre outros. É realizado trabalho bastante diferente do antigo modelo de instituição baseado nos moldes da antiga “Febem”, que era para grandes grupos e um tanto impessoal.
O que entristece é que outras cidades do nosso país recebem orientação legal e verba para implantar a mudança no sistema mas na verdade isso não ocorre. Muda-se o nome mas na prática pouco é transformado. Em nossa cidade a mudança realmente ocorreu e está aí para quem tiver interesse e visão para enxergar. Outro serviço oferecido pelas Secretarias de Assistência Social em nosso país são os Cras, Centros de Referência de Assistência Social, que prestam serviços às comunidades que apresentam maior vulnerabilidade social em seus próprios territórios.
Aqui em Caeté há Cras no Bonsucesso, São Geraldo e Rancho Novo (tais Cras cobrem vários outros bairros vizinhos) e as outras regiões se encontram na responsabilidade direta da própria Secretaria. Cada Cras conta com uma equipe de profissionais tais como Psicólogos, Assistentes Sociais, Instrutores Sociais, entre outros. Assim como no exemplo citado acima, os Cras também deveriam funcionar pelo Brasil atendendo as famílias para preservar e promover seus direitos, e o que podemos observar é quão precariamente o sistema é oferecido em vários territórios, quando analisados tendo como referência os de Caeté.
Muitos outros serviços são oferecidos pelas Secretarias Municipais de Assistência Social ao longo de nosso país e não é nada fácil nem simples a implantação dos programas. Não há como executá-los sem muito trabalho e esforço, lembrando que essa construção é realizada por seres humanos e portanto não será isenta de desafios profundamente expressivos. Apenas com persistência dos programas, boas referências técnicas e fortes intenções e crenças nas realizações é possível, aos poucos, evoluir e desenvolver realmente um bom trabalho. Presenciamos em Caeté o empenho de melhorar cada vez mais, embora a dimensão dos desafios seja incalculável para quem não esteja inserido no dia a dia.
Citamos a Casa de Passagem e os Cras, mas o leque é amplo e são muitos os serviços oferecidos. Quando os programas de nossa cidade buscam outras referências (outras cidades) para parâmetros de avaliação percebe-se que há muito a ser feito, mas já existe um saldo bastante positivo pois muitas são as realizações da Secretaria, sempre alvo de observações e expectativas por parte da comunidade em geral. Diante da vislumbrada mudança positiva na arrecadação tributária de Caeté o interesse da comunidade geral é de que a crença na relevância do trabalho social conduza a condições de desenvolvimento cada vez melhores. Lembrando que há muito a fazer, mas muito já foi feito. É preciso esse reconhecimento para que se fortaleçam os ideais e as metas de grandes e novas realizações.
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.