Daniele Vilela Cardoso Leite*
“No Brasil, a cada 50 alunos que ingressam na faculdade, somente 25 se formam. Dos profissionais que possuem diploma universitário, 60% praticam uma profissão que não tem correspondência alguma com o curso frequentado”.
Escolher uma profissão implica em tomar uma decisão que nem sempre é baseada em uma escolha consciente, devido a uma série de fatores. A falta de conhecimento sobre as profissões, a falta do autoconhecimento, aliados às pressões e expectativas sociais e familiares são os principais entraves para acertar na escolha. Portanto são esse os pontos que devem ser trabalhados para que o jovem, ou o adulto (cresce o número de pessoas que trabalharam durante anos em uma profissão e têm ido à procura de algo novo que realmente as realize) acertem em sua escolha. Por isso a Orientação Vocacional de hoje ser tão diferente de alguns anos atrás. Antes eram feitos testes e cada pessoa recebia no final o nome da profissão que deveria seguir. Hoje não existe um resultado para a pessoa que procura um Serviço de Orientação Vocacional. Este é um processo de autoconhecimento e informativo sobre as profissões .
O papel da família neste momento é muito determinante para determinadas pessoas, pois as influências e pressões podem determinar escolhas baseadas nas expectativas dos outros que nem sempre coincidem com as do vestibulando. A família que conseguir orientar no sentido de ajudar o vestibulando a buscar informações sobre as várias profissões existentes, (a desinformação é grande nos mais variados níveis culturais, e uma vilã das escolhas equivocadas ) assim como deixar o filho livre para analisar o que realmente gosta de fazer, o que o realiza, o que há de interesse verdadeiro, estará fazendo o seu papel da melhor maneira. Mas muitos pais e familiares dirão: ?o que fazer com nossas expectativas e medo de acontecer uma escolha errada? E as expectativas, medos e ansiedades dos pais?
Quando não há a confiança no fato de que o filho pode ser bem sucedido se seguir sua verdadeira vocação, estes sentimentos tomam força e poder. Há apenas uma profissão para a qual o mercado de trabalho não está saturada: é aquela que a pessoa realmente gosta. O mercado está saturado em todas as áreas. Mas quando se faz da profissão algo que realmente se gosta, surge a força, a garra e a determinação para “lutar por um lugar ao sol”, ter um trabalho na área, ter sucesso. Esta é a mola motivadora que faz a diferença entre os profissionais e torna alguns mal e outros bem sucedidos.
“A espera de um filho é como preparar uma viagem de férias para a Itália. O casal vai à uma agência de turismo, pega um roteiro e seleciona as cidades, Roma e Veneza. Os dois compram livros que falam das belezas que irão encontrar em ambas as cidades. Ah! Vão à Basílica de São Pedro, para receber a bênção do Papa, pensam os dois. Trocam idéias com outras pessoas que já conhecem a Itália. Entram no avião com destino à Itália. Após horas de vôo a comandante de bordo avisa: Atenção! Dentro de poucos segundos estaremos aterrissando no aeroporto de Amsterdã, Holanda. Holanda?! O que é isto? Ficam desnorteados. Não nos preparamos para visitar a Holanda. Nosso desejo é conhecer a Itália. E agora? Agora são duas alternativas:
1. Fica se lastimando toda a viagem, chorando porque não é o passeio que desejariam fazer. Deixam de aproveitar as belezas existentes na Holanda e não conhecem nada.
2. Choram muito, ficam muito tristes alguns dias. Mas entendem que o melhor a fazer é aproveitar esta viagem mesmo que o roteiro não seja o desejado. Começam a descobrir as belezas da Holanda, suas flores, seus moinhos de vento e descobrem que também a Holanda é um belo país. Aprendem muitas coisas que nem pensaram em existir.
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.