Daniele Vilela Cardoso Leite*
Os meios de comunicação evoluíram e desenvolveram intensamente, transformando as relações e o estar no mundo. Conviver com a “overdose” de informações que circulam nos dias de hoje é fonte de estresse e desconforto para muitos que não conseguem filtrar e organizar este vasto universo.
É necessário usar critérios para escolher quais as principais fontes de referência de notícias. Para tanto, essencial é ter visão crítica para analisar, diante de tanta informação vinda de jornais, revistas, televisão, internet etc., o que é relevante e pode acrescentar algo e o que não interessa.
Este “filtro” passa por essas duas vertentes. A de escolher a melhor fonte de notícias e a de selecionar os assuntos que sejam realmente relevantes e de interesse. Neste último caso, surge a questão da singularidade. O interesse é algo particular, pessoal, e vai depender do olhar que o indivíduo dirige ao mundo. É necessário tomar cuidado para não fechar os olhos ao que seja diferente dos pontos de vista e deixar com isto de aprender.
Muito são os que não têm noção desses “filtros”, mas filtram sem perceber. Muitos são os lúcidos e que optam conscientemente pelo que querem ter acesso, e vários são os perdidos, que leem muito e estão sempre mal informados e cansados.
Isso tudo é muito sério, pois informação é poder. Em curso de formação gerencial da Fiemg, um texto sobre “A era da informação” explora esta questão de maneira interessante. “A informação, por volta de 1327, (época medieval) era privilégio acessível somente à Igreja. Os monges bibliotecários eram quem retinham a informação, através do acesso ao conteúdo dos manuscritos e livros.
“Por que se restringia o acesso à informação? Porque ela é poder. A informação era suprimida através da destruição das palavras. Novas edições do dicionário eram preparadas sempre com intuito de redução da língua à expressão mais simples, a fim de estreitar a gama do pensamento. Com o empobrecimento do vocabulário, era mais fácil obter disciplina, ter um controle da realidade”.
“A natureza da linguagem usada por uma pessoa determina todo o seu modo de vida, inclusive a sua maneira de pensar e todas as outras formas de atividade mental. As diferenças de vocabulário podem, com facilidade, definir todo o modo da pessoa reagir frente ao mundo. Uma cultura, que não disponha de alguma palavra para indicar “tempo”, terá condição de desenvolver as ciências físicas, tal como a conhecemos? Poderia uma cultura que ignorasse o conceito de dinheiro construir uma democracia capitalista como a norte-americana”?
“A informação se transforma em fator de produção, como são o capital, o trabalho e os recursos naturais e a sua presença se associa à aceleração das inovações”. Um problema é que pode-se usar a informação para manipulação do outro.
Presenciamos isso acontecer nas campanhas políticas em que ajuda a ganhar a eleição o marketeiro que está por trás do candidato e consegue trabalhar de maneira melhor. Nem sempre ganha o candidato mais adequado à vaga, devido a este fator.
A capacidade de lidar com maciças quantidades de informação tem dois lados. O negativo é o da manipulação e o positivo é o do crescimento, desenvolvimento, inteligência intelectual e emocional. E cada um de nós pode tirar proveito do lado positivo, filtrando, analisando, escolhendo o que nos convém, possuindo visão crítica.
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.