Daniele Vilela Cardoso Leite

Por que Procurar um Psicólogo

Daniele Vilela Cardoso Leite*

Procurar um Psicólogo é sinal de amadurecimento interno e real vontade de evolução, crescimento e aperfeiçoamento. Somos seres em constante evolução, e procurar um Psicólogo é reconhecer e aceitar esse fato com abertura para vivenciar tal situação com interesse de verdadeiramente melhorar.
Muitos procuram o Psicólogo com a ilusão de que encontrarão um conselheiro, se decepcionam quando iniciam o processo terapêutico e percebem que estavam enganados. E em contrapartida muitos não procuram por erroneamente acharem que ele é apenas um conselheiro. Muitos outros nem sabem, mas não procuram um Psicólogo por não conseguirem, às vezes por orgulho, outras por medo, pois implica em reconhecer e admitir que existem problemas a serem resolvidos. O Psicólogo simplesmente não aconselha porque o movimento psíquico em terapia ou análise é do mundo interno do sujeito para fora, e não do Psicólogo para dentro do analisando. Essa é a função do profissional da área da Psicologia. Ajudar o indivíduo a, através da fala, puxar o fio das emoções para o mundo externo, ou seja, para que Psicólogo e cliente escutem da forma mais imparcial possível o que realmente se passa com o indivíduo. É isso que cura. É isso que salva, alivia e faz com que o sujeito organize seu mundo interno e descubra a verdadeira fonte de muitos de seus problemas. Esse movimento psíquico não é bem compreendido pelos indivíduos, principalmente os leigos, e muitos que criticam a Psicologia sem a menor propriedade para isso.
Para se entregar a tal processo é preciso ter coragem. Muitos procuram por não aguentarem mais determinadas situações. Outros preferem chegar ao ponto de não suportar a própria vida ao invés de se submeter ao tratamento. Enfim, por desconhecimento e medo vários perdem grandes chances de ter uma vida melhor. Com isso quem lucra é a indústria farmacêutica. Quantos se iludem que seu problema é unicamente fisiológico! Quando unem o tratamento Psiquiátrico ao Psicológico, são tão expressivas as vitórias sobre as doenças! O remédio às vezes é muito importante e em determinados casos indispensável, mas sem o acompanhamento Psicológico não passam de drogas às quais a dependência torna-se inevitável. A linguagem e o tipo de tratamento Psicológico variam de acordo com a demanda, idade, tipo de problema (patologia severa, ou menos agressiva, etc.). Com as crianças o trabalho é mais consciente, portanto mais direto, e juntamente realizado com a família, é óbvio.
Hoje em dia a procura por Psicólogos é muito grande. Há muito esclarecimento e os beneficiados pelos tratamentos vão comunicando aos indivíduos a seu redor sobre as tão expressivas transformações, e assim os tabus e medos têm cedido espaço à grande procura pelo tratamento. Mas para haver tratamento é necessário que haja por parte de Cliente e Psicólogo a confiança, a empatia, a aceitação bilateral.
Encerro com o comentário de que o processo terapêutico, de acordo com a abordagem da Psicologia Junguiana, objetiva a “individuação”. E faço a seguinte citação: “entende-se por individuação um processo de tornar-se a si mesmo, que leva à realização máxima dos potenciais inatos. Não significa autorealização egoísta; pelo contrário, liga o ser humano com sua camada profunda fazendo com que leve a sério a interligação com relações socioculturais. O processo coincide com a crescente conscientização sobre si mesmo, sobre o mundo e sobre os efeitos recíprocos correspondentes”. Ammann, Ruth – “A Terapia do Jogo de Areia” – São Paulo, Paulus, 2002.

*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.