Daniele Vilela Cardoso Leite*
O dia 2 de abril de 2010 foi a primeira vez em que mundialmente aconteceram reflexões acerca do autismo. A partir de agora em todos os anos a data será destinada a tal tema. Ana Maria S. Ross de Mello escreveu sobre isso e compartilharemos as informações. Segundo ela o autismo é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos 3 anos de idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação.
“É muito difícil imaginar estes três desvios juntos. Um exercício que pode ajudar é o proposto em palestra no Brasil pela pesquisadora Francesca Happé, de imaginar-se na China, ou em um país de cultura e língua desconhecidas, com as mãos imobilizadas, sem compreender os outros e sem possibilidades de se fazer entender”. As causas ainda são desconhecidas, embora os pesquisadores tenham a hipótese de origem genética e anormalidades cerebrais como possíveis causas. Segundo Tatiana de Melo Pereira, há uma variação do quadro clínico de leve a moderado e grave, a quadros de autismo de “alto funcionamento”, com significativo potencial intelectual e apenas leves comprometimentos.
O autista apresenta “dificuldade em utilizar com sentido todos os aspectos da comunicação verbal e não verbal. Isto inclui gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação na linguagem verbal. Apresenta dificuldade em relacionar-se com os outros, e incapacidade de compartilhar sentimentos, gostos e emoções e na discriminação entre diferentes pessoas. A dificuldade em relação à imaginação se caracteriza por rigidez e inflexibilidade que se estende por várias áreas do pensamento, linguagem e comportamento. Isso pode ser exemplificado por comportamentos obsessivos e ritualísticos, compreensão literal da linguagem, falta de aceitação das mudanças e dificuldades em processos criativos”.
Ana Maria oferece algumas dicas para os familiares de crianças assim diagnosticadas: 1- informe-se ao máximo, entenda a doença de seu filho. 2- permita-se sofrer (respeite seu tempo, mas depois, mãos a obra…) 3- reaprenda a administrar seu tempo 4- saiba exatamente quais são os objetivos a curto prazo de seu filho (por parte dos profissionais que o atendem). Por último evite todos que lhe acenarem com curas milagrosas, atribuírem aos pais a culpa pela doença e profissionais desinformados ou desatualizados. Diante da pergunta: – autismo tem cura? A resposta foi: “ a grande maioria dos estudiosos ainda afirma que não tem cura. Existe um grande número de casos de autistas com nível de recuperação muito satisfatório, muitos deles concluindo um curso superior ou se casando, mas mesmo nestes casos não se fala em cura, pois muito embora algumas pessoas tenham conseguido um desenvolvimento considerado excelente, as características de autismo permanecem por toda a vida”.
Quanto à inclusão em escola regular, Ana Maria defende que seja feita com muito cuidado. É preciso preparar a criança antes de inseri-la em um contexto muito diferente do universo em que vive. Enfim, após todas essas informações e dicas oferecidas por estudiosos e pesquisadores sobre o assunto, resta-nos perceber que o grande e necessário desafio é oferecer à criança e à família ajuda especializada para que cada um a seu tempo, com suas limitações e potenciais, possam conviver com a situação de forma que tenham o objetivo de vencer pouco a pouco, passo a passo, as dificuldades encontradas, com paciência, aceitação e disposição que vem do amor e da fé, conseguindo assim o máximo de qualidade de vida para todos.
Informações técnicas: Mello, Ana Maria S. Ross “ Guia Prático de Autismo”.
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.