Daniele Vilela Cardoso Leite*
Há vários fatores que podem causar problemas na memória. Desde os orgânicos como tumores cerebrais, quedas, acidentes que envolvam a área cerebral a outros como estresse, sedentarismo, ou os próprios fatores de idade. Descartadas patologias e fatores referentes à idade (o assunto é complexo, existem vários tipos de memória e mecanismos cerebrais que envolvem a questão), estresse e sobrecarga tem sido grandes vilões em termos de dificuldades na retenção de informações.
Assistimos há pouco a imprensa relatar o episódio em que um delegado esqueceu a filha de onze meses no banco de trás do carro. A menina veio a óbito após uma quente tarde de verão. Outros casos de pais esquecerem filhos nos carros tem sido divulgados. Por aí percebe-se o adoecimento dos indivíduos nos dias atuais. Recebi um texto escrito por Dr. Émerson de Godoi Cordeiro Machado e compartilho com você, leitor, reflexões importantes para nós que vivemos essa intensa modernidade… “Há mais de cinquenta anos o filósofo inglês Paul Brunton escreveu: ”Uma coisa que me chamou a atenção ao retornar para o hemisfério ocidental, depois de um período de vários anos no Oriente, foi a maneira com que nos ocupamos e superocupamos, seja no trabalho, no divertimento ou na atividade. Poucos levam a vida com tranqüilidade; a maioria a leva com intranquilidade. Poucos realizam suas tarefas diárias serenamente; a maioria as realiza com nervosismo, pressa e agitação. Nossas atividades são tão numerosas que nos sufocam. É uma vida sem estabilidade emocional, destituída de perspectiva intelectual. Estamos intoxicados pela ação. Nós, os modernos, nos dedicamos demais à atividade e ao movimento, e muito pouco à passividade e quietude. Se queremos encontrar uma saída para os problemas que nos afligem, devemos encontrar um meio termo entre essas duas atitudes. A necessidade do silêncio depois do barulho, de paz depois da agitação, de reflexão depois da atividade, é atualmente ampla e profunda”.
Dr. Émerson comenta: “Saber esperar pacientemente, seja num trânsito congestionado, numa fila de banco ou na sala de espera de um consultório, é uma virtude extremamente necessária ao equilíbrio emocional e autocontrole; é uma atitude preventiva de doenças. A população do Planeta está aumentando e temos que aprender a compartilhar com nossos semelhantes das dádivas da natureza e o acesso a ambientes em que precisamos frequentar.”
É claro que paralelo a essa consciência é necessário nos organizarmos e estruturarmos o Planeta para todo esse crescimento, mas enquanto isso não acontece da maneira devida precisamos nos controlar. Comento com freqüência que os ocidentais precisam conhecer o Yôga. Precisamos procurar meios para lidar com tamanha correria dos dias atuais. Por exemplo, saber que o lazer não é supérfluo e sim necessário e atuar segundo esse raciocínio. Praticar Yôga, que trabalha o corpo e a mente e que ao invés de gastar mais a energia do indivíduo faz com que haja uma absorção desta. Estar consciente e atento aos perigos da ansiedade e falta de respeito aos nossos limites físicos e emocionais e tomar atitude frente a essa tomada de consciência. Fazer uma atividade física. Ter uma vida espiritual embasada e fortalecida. Essas são algumas das opções que temos para lidar melhor com os desafios da vida moderna, que se não observados e relevados podem trazer conseqüências tão nocivas quanto as dificuldades na memória, pressa, correria, desatinos…
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.