Daniele Vilela Cardoso Leite*
A incompatibilidade entre o prazer de fumar e a razão do quanto é um ato nocivo à saúde faz com que pensemos que evitar os primeiros tragos seja realmente o ideal. Mas como no mundo real o ideal nem sempre é possível, vamos comentar sobre os métodos, técnicas e dicas para quem deseja parar de fumar. O primeiro passo é desejar, querer. É um processo que consciente ou inconscientemente passa por estágios. No estágio de pré-contemplação o indivíduo não pensa em parar; no estágio de contemplação o indivíduo reconhece que precisa parar, mas possui sentimentos ambíguos em relação ao assunto. Deseja e não deseja ao mesmo tempo; no estágio de determinação o indivíduo já está tentando de alguma forma parar de fumar; no estágio de ação o indivíduo já parou de fumar. Sem o real desejo não há possibilidade de sucesso na tentativa.
O Ministério da Saúde possui um programa para ajudar aos que desejam parar com o vício, que é executado pelas Secretarias de Saúde dos Municípios. Em Caeté são realizados Grupos na Saúde Mental de Caeté. Nesses encontros realizados por psicólogos e /ou profissionais da saúde preparados para tal trabalho são enfocados vários aspectos de ordem emocional, fisiológica, comportamental. Quanto aos métodos para nortearem a decisão de cessar o uso, um primeiro a ser citado é o da parada abrupta. Ocorre quando o indivíduo resolve e para de fumar a partir de um momento determinado. Esse método é o que apresenta maior número de indivíduos bem sucedidos na tentativa. O outro método é a parada gradual, que ocorre aos poucos. Mas a orientação dos estudiosos sobre o assunto é que nesse método não se gaste mais do que duas semanas no processo para não se tornar uma forma de protelar e de não parar de fumar. Na parada gradual existem duas maneiras: a redução e o adiamento.
Na redução fuma-se a cada dia um número menor de cigarros, segundo um planejamento. E no adiamento, que consiste em adiar a hora na qual se começa a fumar por um número de horas predeterminado a cada dia, sem preocupação com o número de cigarros. O foco nesse caso é o horário, até a sua data de parar de fumar. É interessante participar do grupo oferecido por exemplo em Caeté na Saúde Mental, pelo fato do indivíduo receber um acompanhamento semanal, compartilhar com outras pessoas os sucessos e os desafios da proposta, saber que há um local e pessoas ligadas pelos mesmos propósitos. É muito eficaz e interessante quando pessoas unidas pelo mesmo objetivo se unem. Há mais força inclusive energética. Cada pessoa possui um processo e um momento que conduzem a parada do uso do cigarro. É muito singular, particular. Depende de todos os outros processos do mundo interno, da psique de cada um.
Às vezes parece que a decisão veio de um momento para o outro, mas na verdade foi fruto de todo um histórico, provavelmente inconsciente. Há um ditado que diz que ao bater o martelo na pedra pela centésima vez a pedra se partiu. Mas não foi a centésima martelada a responsável e sim as noventa e nove somadas à última e derradeira martelada. Assim também acontece em relação ao tabagismo. Há um processo de amadurecimento que conduz ao sucesso de parar o uso do cigarro. É tudo muito particular. Por isso é preciso respeitar o processo alheio, e estimular com sabedoria quem deseja parar com o vício. Uma boa ajuda é o incentivo à participação dos grupos.
Boa sorte aos que tem o propósito e até a próxima!!!!
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.