Daniele Vilela Cardoso Leite*
Devido à época do Natal a questão espiritual vem à tona mais intensamente e as reflexões tornam-se mais presentes. Hoje o conceito de inteligência mudou do formato que é o antigo QI (cociente de inteligência medido a partir de testes linguísticos, lógico matemáticos e de habilidades básicas) para o formato aberto, moderno, evoluído, que entende a inteligência como um processo de desenvolvimento com referência nas inteligências múltiplas. Uma delas é a inteligência espiritual. Todas elas (linguística, lógico-matemática, espacial, corporal-cinestésica, criativa/musical/artística, emocional, naturalista, espiritual) são “potenciais emergentes de evolução a partir de múltiplas descobertas, correlacionando as aptidões, habilidades, interesses, conhecimentos, sentimentos, intuições, atitudes, valores do dia-a-dia, unindo componentes do hemisfério esquerdo e direito do cérebro. Desta forma a presença do homem integral se instala na sua constante evolução e busca da plenitude humana a partir de todas as suas reais potencialidades.”
“A inteligência espiritual desperta para a consciência universal, gera capacidade de fazer interações positivas entre as pessoas e o mundo. Conduz a comportamento intuitivo, de ação, fé, força e determinação. Conduz à compreensão da grande ordem universal na ação cotidiana, visa o equilíbrio entre razão e emoção em todas as situações da vida.”
A Psicologia enquanto ciência recebeu de grandes pensadores contribuições valiosas que consideram a psique humana inserida em um contexto maior que o individual. Jung foi um médico psiquiatra e estudioso da psique, investigou catedraticamente o universo psíquico e descobriu que além do inconsciente pessoal existe o inconsciente coletivo. A esse respeito Jung escreve que “nós nascemos com uma herança psicológica que se soma à herança biológica. Ambas são determinantes essenciais do comportamento e da experiência. Exatamente como o corpo humano representa um verdadeiro museu de órgãos, cada qual com sua longa evolução histórica, da mesma forma deveríamos encontrar também, na mente humana, uma organização análoga. Nossa mente jamais poderia ser um produto sem história, em situação oposta ao corpo, no qual a história existe”.
Outro conceito importante que traz contribuições importantes é da palavra em latim “numen”. De numen deriva a palavra numinoso, que representa o aspecto irracional do sagrado, a misteriosa natureza divina que nos fascina e nos faz tremer”… esses são conceitos da Psicologia Analítica Junguiana que remetem a uma consideração maior que a humana. Neste tempo natalino emerge a consciência de que forças muito maiores que nós humanos estão presentes em nossas vidas. Que possamos realmente refletir sobre elas. Reconhecê-las, respeitá-las e nos conectar a elas. Não sabemos de onde viemos, para onde iremos, mas sabemos que existem forças muito poderosas que a tudo regem.
Que a Força Numinosa do Jesus Menino, Humano, Divino, renasça a cada dia na morada interna dos Cristãos, para assim trazer mais consciência no sentido de iluminar o inconsciente! Assim seja, no Ano Novo e sempre…
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.