Daniele Vilela Cardoso Leite*
TDAH é a sigla usada para a expressão do termo ?Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade?. É muito comum ouvirmos a seguinte frase: -meu filho é hiperativo, usada por pais que apresentam dificuldade em acompanhar a disposição e animação de seus filhos.
Hiperatividade é muito mais que agitação. Agitação é apenas um dos sintomas. O senso comum se apropriou do termo, mas chegar a um diagnóstico de TDAH é algo muito complexo e que deve ser feito preferencialmente por uma equipe multidisciplinar da área da saúde ( psicólogos, neuropediatras, psicopedagogos, entre outros). Existem os casos em que a pessoa apresenta apenas a hiperatividade, outros apenas o distúrbio de atenção, ou os casos em que o indivíduo apresenta os dois, simultaneamente.
?TDAH é um distúrbio neurobiológico, de causas principalmente genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade?. É um distúrbio reconhecido pela Organização Mundial de Saúde.
Sabe-se que o indivíduo com TDAH apresenta alterações na região frontal do cérebro, que se localiza atrás da testa. Esta área é responsável pela atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento. Determinadas substâncias químicas dessa região cerebral sofrem algumas transformações. São os neurotransmissores, que passam informações de uma célula nervosa à outra, criando uma rede de informações. Os sintomas surgem na infância, mas podem durar por toda a vida, principalmente se não forem levados em consideração.
A intervenção precoce é importante para o desenvolvimento geral do indivíduo. Os principais sintomas do TDAH são: “Dificuldade em prestar atenção a detalhes ou errar por descuido, dificuldade em manter a atenção em atividades lúdicas, parecem não escutar quando lhe dirigem a palavra, não seguem instruções nem terminam tarefas escolares e outras, dificuldade em se organizar, evitam envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante, perdem objetos facilmente, são facilmente distraídas por estímulos alheios à tarefa, desânimo e desinteresse, dificuldades cognitivas em geral embora mostram-se inteligentes, dificuldade em envolver-se silenciosamente em atividade de lazer, atividade motora excessiva, não conseguem se manter quietos em sala de aula, estão sempre abandonando a cadeira, se envolvendo em situações que não são as do momento, com frequência agitam mãos ou pés ou se remexem na cadeira, interrompem ou se metem em assunto de outros, com frequência apresentam esquecimento em atividades diárias, têm dificuldade em aguardar sua vez, apresentam respostas precipitadas antes das perguntas terem sido completadas”.
Algumas dicas úteis a pais e educadores: “Reforçar o que há de melhor na criança, não estabelecer comparação entre os filhos. Cada criança apresenta um comportamento diante da mesma situação, dar instruções diretas, claras, uma de cada vez, de maneira que a criança possa corresponder, ensinar à criança a não interromper suas atividades, tentar finalizar tudo aquilo que começa, advertir construtivamente o comportamento inadequado, esclarecendo com a criança o que seria mais apropriado e esperado dela naquele momento, usar um sistema de reforço imediato para todo o bom comportamento da criança, estabelecer uma rotina diária clara e consistente (hora de almoço, jantar e dever de casa, por exemplo), manter limites claros e consistentes, relembrando-os sempre, preparar a criança para qualquer mudança que altere a sua rotina, escolher cuidadosamente a escola e a professora para que a criança possa obter sucesso no processo ensino-aprendizagem, não sobrecarregar a criança com excesso de atividades extra-curriculares, não exigir mais da criança do que ela pode dar; deve-se considerar a sua idade”.
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.