Daniele Vilela Cardoso Leite

Um Jogo com a Mente

Daniele Vilela Cardoso Leite*

Segundo estudos da filosofia Yogue, podemos perceber a mente separada do corpo. Tal raciocínio na cultura ocidental parece algo estranho. No entanto essa separação é no sentido de que a mente não deve dominar sem haver limite. Por exemplo, se há percepção de pensamentos compulsivos e constantes e isso trouxer cansaço, sofrimento, desgaste, é preciso ter força e autonomia para enviar o comando de cessarem tais pensamentos. Deve-se dominar os pensamentos e não os pensamentos dominarem o indivíduo.
Trabalhamos com os alunos das escolas que no momento em que a professora explica a matéria o pensamento deve estar junto dela e não em outros lugares. É preciso pegar (simbolicamente) o pensamento e colocá-lo novamente com a professora. Se ele “voar” de novo, é preciso buscá-lo, quantas vezes forem necessárias. Habitua-se a deixá-lo solto ou a controlá-lo. É questão de treino e consciência. Primeiramente é preciso ter a noção de que o pensamento está “voando”.
Esta noção é maravilhosamente bem definida pelas culturas orientais, que direcionam um olhar crítico e importante a essas questões. O Yôga é um eficiente canal de tal consciência. Reiniciarei o Yôga para crianças no Núcleo Cultural Sat Sanga, no início de fevereiro do próximo ano, motivada pelos tantos benefícios que traz a prática. O Yôga ensina que devemos estar presentes a cada momento. O pensamento deve estar onde estivermos, e não o corpo estar em um lugar e o pensamento em outro. E salienta é treino. A meditação é uma ferramenta que conduz ao domínio do pensamento. Meditar é estar com a mente, o pensamento, em um único lugar. Meditar é parar as ondas mentais. E meditar com a vida é estar presente onde se está. É muito interessante pensarmos em um jogo com a mente. Se observado pelo ângulo aqui citado, percebemos que há todo um jogo mental. Na verdade concentrada é a pessoa que consegue dominar melhor os pensamentos e controlá-los. O treino já ocorreu nesse sentido e o indivíduo assimilou tal comportamento.
O termo concentrar é da nossa cultura. Aqui no ocidente fala-se muito em concentração, mas ensina-se pouco como chegar a ela. Grandes filósofos e pensadores fizeram as seguintes colocações: o filósofo, astrônomo e matemático Pitágoras: “para meditar com proveito é preciso, na verdade, que a atenção não seja dispensada pelo ruído e pela agitação. A voz da sabedoria só pode ser ouvida na calma e no recolhimento”. Para Mahatma Gandhi, líder político e espiritual da Índia: “antes que o homem possa ouvir a Voz interna, tem que passar por um longo e árduo tirocínio de aprendizagem: e, quando a Voz fala, desaparece qualquer dúvida”.
Nas palavras do escritor, dramaturgo, crítico literário Oscar Wilde, : “escuta-me, ó homem! Tens tudo dentro de ti próprio. No mais íntimo do teu ser residem faculdades que Deus te deu para que te sirvas delas”. Disse Albert Einstein: “penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio – eis que a verdade se me revela”. Martin Claret, empresário, editor e jornalista: “a verdadeira meditação Alfa-M, é um estado dinâmico de não mente. É a perfeita unificação da parte com o todo, do vivo com a vida, do finito com o infinito”.
Para James Allen: “à medida que conseguirdes dominar os vossos impulsos e pensamentos, percebereis no vosso interior uma força silenciosa, que ali se vai desenvolvendo, e sentireis tranqüilidade e vigor que não vos abandonarão jamais.” Por fim, Mário Schenberg diz: “ O homem precisa saber que ele tem em si mesmo, a capacidade de descobrir, sem revelação de ordem sobrenatural, os meios de realizar as exigências de Paz e Amor”… há todo um jogo com a mente…

*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.