Daniele Vilela Cardoso Leite*
Mais frequente que se imagina é a violência contra o mais frágil, o menor, o indefeso. Abusadores são comumente confundidos com pedófilos (que apresentam sintomas de perversões sexuais nas quais a atração sexual é dirigida primariamente para crianças). Apenas um quarto dos abusos são cometidos por pedófilos. O perfil da maioria são abusadores que percebem na vulnerabilidade do menor um espaço propício para realização das fantasias. Disponível no site www.scielo.br/pre, com o título “Fatores de Risco e Proteção na Rede de Atendimento a Crianças e Adolescentes”, seguem de tal fonte informações importantes a respeito do tema. “O abuso é um problema de saúde pública que envolve aspectos psicológicos, sociais e legais. Em estudo realizado a partir de processos jurídicos do Ministério Público do Rio Grande do Sul (e que retrata no micro o macro) viu-se que a maioria das vítimas era do sexo feminino.
Nesse estudo grande parte dos abusos aconteceu com crianças entre 6 e 9 anos, sendo o pai o responsável em 33% dos casos. Geralmente o agressor é alguém da família ou da confiança desta. Quanto ao local 65,7% ocorreram na residência, 22,2% na rua, 9,8% residência de terceiros e 2,4% em instituições públicas. Mas os resultados estatísticos revelam apenas parcialmente o problema uma vez que a maioria dos casos não é denunciada devido a sentimentos de culpa, vergonha e medo sofridos pela vítima.
O abuso sexual pode afetar o desenvolvimento da criança de variadas maneiras. Algumas vítimas não apresentam grandes efeitos, enquanto outras desenvolvem severos problemas emocionais, sociais e/ou psiquiátricos. Algumas conseqüências são exacerbadas em crianças que não possuam uma rede de apoio social e afetiva, que é definida como o conjunto de sistemas e pessoas significativas que compõe os elos de relacionamentos existentes e percebidos pela criança. O afeto protege a criança de doenças, sintomas psicopatológicos e sentimentos de desamparo, mesmo quando a criança está frente a situações adversas” . Dicas do Jornal de Pediatria, para identificar tal problema, observe tais sintomas na criança/adolescente: mudança brusca no comportamento, tristeza constante, prostração aparentemente desmotivada, sonolência diurna, medo exagerado de adultos, história de fugas, comportamento sexual adiantado para a idade, masturbação frequente e descontrolada, tiques ou manias, enurese, sono perturbado, presença de DST”.
Para prevenir é muito importante que os pais e adultos digam à criança: você deve cuidar do seu corpo, da higiene, da saúde. E caso alguém, mesmo que seja conhecido, tentar tocá-lo, inclusive as partes íntimas, ou pedir para fazer coisas no seu corpo ou no de outra pessoa que não seja brincar junto, é preciso que se afaste dessa pessoa e conte à mãe, ou professora, ou alguém em quem confie. O ensinamento de não aceitar convite por dinheiro, pressente ou agrado, de quem conhecem ou não, para fazerem “coisas” com o corpo é fundamental. As mudanças de comportamento revelam que a criança demanda atenção especial. Podem ser sintoma de inúmeras situações. Estejamos sempre atentos, pais e educadores!!!!
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.