Daniele Vilela Cardoso Leite*
Pessoas empáticas têm mais chance de alcançarem seus objetivos, são mais bem sucedidas, interessantes e maduras que as não empáticas. Possuem uma visão de mundo ampla, e na arte da comunicação estão a anos luz de distância de quem não possui essa virtude. (Você já assistiu ao filme “Do que as mulheres gostam”?)
Empatia segundo o dicionário Aurélio “é a tendência para sentir o que se sentiria se estivesse na situação da outra pessoa”. No diálogo entre “surdos”, aquele em que ambos falam mas não se escutam, é explícito a falta de empatia.
Rubem Alves fala bonito sobre isso: “o ato de ouvir, ouvir de verdade, exige humildade. E a humildade está nisso: saber, não com a cabeça, mas com o coração que é possível que o outro veja mundos que não vemos. Mas isso implica em reconhecer que somos meio cegos… Vemos pouco, vemos torto, vemos errado. Bernardo Soares diz que aquilo que vemos é aquilo que somos. Assim, para sairmos do círculo fechado que somos nós mesmos, em que só vemos o nosso próprio rosto refletido nas coisas, é preciso que nos coloquemos fora de nós mesmos. Não somos o umbigo do mundo. E é muito difícil reconhecer isso. Para ouvir de verdade, ou seja, para nos colocar no mundo do outro, é preciso colocar entre parênteses, ainda que provisoriamente, as nossas opiniões. Minhas opiniões! É claro que eu acredito que minhas opiniões são a expressão da verdade. Se eu não acreditasse, trocaria meus pensamentos por outros. E, se falo, é para fazer com que aquele que me ouve troque os seus pensamentos pelos meus. É norma de boa educação ficar em silêncio enquanto o outro fala. Mas esse silêncio não é verdadeiro. É apenas um tempo de espera: estou esperando que ele termine de falar para que eu, então, diga a verdade. A prova disso está no seguinte: se levasse a sério o que o outro está dizendo, depois de terminada a sua fala eu ficaria em silêncio, para ruminar aquilo que ele disse, que me é estranho. Mas isso jamais acontece.
A resposta vem sempre rápida e imediata. A resposta rápida quer dizer: “Não preciso ouvi-lo. Basta que eu me ouça a mim mesmo. Não vou perder tempo ruminando o que você disse. Aquilo que você disse não é o que eu diria, portanto está errado”. “Amamos não a pessoa que fala bonito, mas a que escuta bonito… A arte de amar e a arte de ouvir estão intimamente ligadas. Não é possível amar uma pessoa que não sabe ouvir. Os falantes que julgam que por sua fala bonita serão amados são uns tolos. Estão condenados à solidão. O ato de falar é um ato masculino. Fala é falus: algo que sai, se alonga e procura um orifício onde entrar, o ouvido… Já o ato de ouvir é feminino: o ouvido é um vazio que se permite ser penetrado. Não me entenda mal. Não disse que falar é coisa de homem e ouvir é coisa de mulher. Todos nós somos masculino e feminino ao mesmo tempo”.
Vejo que além da empatia ser um ato de humildade, é também de inteligência (pois esperto é quem a tem como objetivo), e além disso, de treino. As pessoas se habituam a certos comportamentos, e podem reforçar a empatia ou a falta dela, de acordo com a postura escolhida. Podemos dividir as pessoas em duas classes completamente diferentes. As empáticas e as não empáticas. Empatia é sinal de inteligência, humildade, sucesso, maturidade, enfim, é tudo de bom!
*Daniele Vilela Cardoso Leite é Psicóloga, professora de Yôga e colunista do jornal Acontece (Caeté-MG) de 1999 a 2017, quando foi encerrada a circulação da edição impressa.